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A RESENHA – PIECES OF A WOMAN

A RESENHA – PIECES OF A WOMAN

Pieces of a Woman (2020), título que não foi traduzido para o português, possui um retrato fiel e impactante de uma família sobrevivendo a uma tragédia. Sabemos que o nascimento de um filho é um dos momentos mais aguardados pelos pais, e, nessa tragédia, o casal Martha (Vanessa Kirby) e Sean (Shia LaBeouf) enfrentam desafios para superar o luto.

O primeiro ato da trama dura em média 30 minutos, momento em que nem aparece o título do longa. Nesse momento, temos o contato com um casal que preza pelo companheirismo e cenas ultra reais do parto de Martha. Inicialmente, o casal já havia escolhido sua parteira, optando por fazer o parto em casa. Entretanto, encontram um primeiro desafio: Barbara, a parteira escolhida, não está disponível. Chega em sua casa, portanto, uma pessoa de confiança, Eva (Molly Parker) para realizar o trabalho.

Com um parto difícil, as coisas não vão como esperado. O filme ganha nas cenas ultrarrealistas e pouco romantizadas da maternidade. Sean, nesse momento, é um parceiro que tende a contornar as situações e dar apoio à sua esposa. Mas, então, o segundo ato começa e a parte interessante do longa é mostrar como o processo de luto e perda acaba afetando todos que estavam relacionados à tragédia. Martha se permite viver o caos e a guerra, ao mesmo tempo que quer calmaria e reclusão. Desenvolve novos hábitos e se torna uma pessoa difícil de acessar. Sean se volta para os antigos vícios — algo meio batido na indústria cinematográfica — e para a vingança judicial.

Um grande pedaço desse quebra cabeça é a mãe de Martha, Elizabeth Wess (Ellen Burstyn). Ela aparenta fazer um jogo duplo, se mostrando uma personagem altamente controladora e imaleável. Sean acaba se aliando a ela em busca da vingança judicial, enquanto Martha se afasta da sua própria mãe para passar por esse processo. O filme terminal com um drama de julgamento, que possui uma reviravolta interessante e bastante solidária.

Kornél Mundruczó, diretor húngaro, é bastante conhecido pela capacidade de utilização de ferramentas imagéticas. Entretanto, isso acaba ficando meio óbvio em vários momentos do filme. Outra escolha, que nos parece que acabou transformando o filme e é um ponto negativo, é a excessiva concentração na mãe de Martha. Por outro lado, as primeiras cenas em plano-sequência auxiliam a engajar o telespectador ainda nos primeiros minutos de filme. Há questões realmente repetitivas e, talvez, se o diretor tivesse apostado mais na relação Sean-Martha e maneiras de superar o luto, o longa teria tomado outro rumo.

Com certeza, o maior acerto, e que faz total diferença na trama, é o casting. Vanessa Kirby (que estrelou recentemente em Napoleão) consegue transparecer emoções através de sua expressão corporal e olhares. Além disso, Shia LeBoeuf se mostra uma potencialidade em um papel mais maduro, do que realizado anteriormente.

O filme é um bom drama, e trata da questão da maternidade e da perda de uma maneira bastante realista e pouco romantizada. É uma peça importante e que mostrou a maturidade tanto de Kirby quanto de LeBoeuf.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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