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A Resenha: O mundo depois de nós  

A Resenha: O mundo depois de nós  

O mundo depois de nós (2023) é um longa de mistério e suspense que toca em temas complexos de uma sociedade que se acostumou com as facilidades da tecnologia, dela se tornou dependente e apresenta, cada vez mais, dificuldades em compreender o que realmente se passa ao seu redor.

Contando com um elenco de peso e com a produção executiva de Barack Obama e Michele Obama, o filme do jovem diretor egípcio-americano, Sam Esmail (Mr. Robot), por meio da adaptação do livro homônimo de Rumaan Alam, conta a história de uma família de classe média alta norte-americana, que resolve tirar férias e aluga uma mansão de luxo por uma empresa de aplicativo. Um professor universitário, Clay Sandford, vivido pelo ótimo Ethan Hawke, casado como uma profissional do ramo da publicidade, Amanda Sandford, interpretada pela vencedora do Oscar, Julia Roberts, decidem juntos levar seus dois filhos, Archie (Charlie Evans) e Rose (Farrah Mackenzie) para essa mansão num paradisíaco lugar em Long Island.

Logo no início da história, quando estão desfrutando de um agradável momento na praia, quase são atingidos por um imenso navio petroleiro que perde o controle e invade a areia. A família, assustada, sai correndo sem entender nada do que está acontecendo, enquanto toda a praia é evacuada. Ao chegarem na mansão, um pouco perplexos sobre o que aconteceu, tentam se informar nos seus celulares. Todavia, aparentemente nenhum deles funciona.

Durante a noite dois estranhos batem na porta da mansão. São os supostos proprietários, que alugaram, por meio de um serviço de aplicativo, a mansão para a família Sandford. G. H. Scott, vivido pelo excelente Mahershala Ali (Green Book: O guia), também vencedor do Oscar, e sua filha, Ruth Scott, encenada por Myha´la, batem na porta pedindo abrigo, dizendo que são os donos da casa e não tem para onde ir naquela noite, pois algo estranho está acontecendo no país.

Nesse momento, a dúvida e a insegurança tomam conta dos personagens, que apesar dos diálogos cifrados, porém minimamente polidos, desconfiam uns dos outros. Apesar disso, G. H Scott vai, aos poucos, contando o que viu lá fora, explicando que os EUA estariam sofrendo algum tipo de ciberataque e todo sistema de comunicação do país havia colapsado.

Ao passo que a desconfiança entre os dois núcleos familiares aumenta, estranhos e intrigantes acontecimentos vão demonstrando ao expectador que os personagens não estão prestando atenção naquilo que está sendo mostrado para eles. Animais com comportamentos estranhos são notados pela pequena Rose, que fica extremamente frustrada com a queda da rede e do sinal de internet, pois queria assistir o último episódio da série Friends. Quando estava chegando na mansão com os pais, estava prestes a concluir a série na qual estava completamente aficionada.

Clay Sandford parece estar completamente perdido sem o auxílio da tecnologia. Ao pegar o carro da família e tentar ir até o centro urbano para colher informações, é incapaz de acertar o caminho sem GPS. Além disso, presencia um fenômeno estranho, pois vê serem jogados do céu, através de um drone, folhetos em árabe, que sugerem algum ataque externo ameaçador. Clay, apesar da ausência do GPS, consegue voltar para casa, mas percebe o quanto está completamente perdido e incapaz sem seu celular.

Diante de toda essa insegurança, Amanda e Clay decidem ir embora e voltar para a cidade. Não conseguem confiar em G.H Scott e na sua filha, que também não conseguem confiar na família Sandford. Ao tentarem pegar a estrada, temos uma das cenas mais fortes do filme: Clay, Amanda e as crianças chegam a uma rodovia completamente entupida por carros Tesla, guiados de maneira autônoma, que parece terem perdido o controle e vão colidindo um contra o outro, impedindo que qualquer outro automóvel siga adiante. É uma das maiores alusões que o filme faz aos perigos que o ser humano pode vir a ser exposto ao perder o controle da tecnologia que construiu.

Assim, sem saída para a cidade, Amanda e Clay decidem voltar e pedem ajuda para G. H Scott e sua filha. Nessa parte da história, as personagens cruzam suas experiências e aflições. Clay e Ruth conversam sobre o que está acontecendo num diálogo provocativo entre ambos. Amanda e G.H Scott se aproximam e começam a estabelecer algum laço de confiança. Charlie sente-se interessado por Ruth, enquanto Rose é completamente negligenciada em suas aflições e opiniões, pois ninguém a escuta.

O desenrolar da trama leva a um final inusitado. Cada vez mais amedrontados e sem saber o que está acontecendo, teorias vão sendo elaboradas para dar algum sentido ao caos que a vida de todos ali acabou se tornando. Entre negacionismos, tentativas de otimismo e total falta de solidariedade, alguns traços do ser humano vão tomando conta, como o medo, o desespero, a desconfiança e a insegurança pela falta de informação e orientação. Aos poucos tem-se a ideia de que tudo vai ruir e os laços que ainda existem vão se quebrar.

O mundo depois de nós é um filme que nos alerta do perigo que podemos estar construindo para nós mesmos em razão da tecnologia que nos torna, além de dependentes, insensíveis um para com o outro e para com o próprio mundo que explicitamente tenta nos dizer algo. Mas, parece que estamos conectados demais e sem tempo para ouvir e entender.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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