fbpx
Fundação Podemos
/
/
Economia em foco: Mulheres, mercado de trabalho e Prêmio Nobel

Economia em foco: Mulheres, mercado de trabalho e Prêmio Nobel

Na semana passada, em meio a uma avalanche de notícias trágicas sobre o cenário internacional, uma notícia importante passou um pouco despercebida:  O Prêmio Nobel de Economia de 2023 – ou, o prêmio do Banco da Suécia em memória de Alfred Nobel – foi concedido à economista Claudia Goldin.

Essa informação por si só já é uma notícia relevante: Goldin é a 3ª mulher a ganhar o prêmio. A primeira a ganhar sozinha, entre 93 vencedores.

O mérito do prêmio decorre da relevância de seu trabalho, cujo tema se entrelaça com sua própria história de vida: Nascida em 1946, Goldin foi a primeira mulher a conquistar estabilidade no emprego de professora de ensino superior nos departamentos por onde passou. Atualmente leciona em Harvard e seu tema de pesquisa é justamente a participação das mulheres no mercado de trabalho.

O que Goldin faz é basicamente descrever e analisar a evolução do emprego feminino nos EUA ao longo de 200 anos, empregando as melhores ferramentas analíticas e fazendo um exaustivo levantamento e análise de dados estatísticos. É um trabalho de peso, com rigor científico. Mas seus achados são muito simples de entender:

Os papeis sociais de gênero desempenhados pelas mulheres (seu papel no casamento e nos serviços domésticos não remunerados, a maternidade e o cuidado em geral – crianças e idosos – são determinantes para sua participação no mercado de trabalho e para as disparidades de remuneração, que ainda existem, entre homens e mulheres.

Para termos uma ideia, um dos achados muito interessantes da pesquisa de Goldin tem a ver com o papel da pílula anticoncepcional. A partir da sua invenção, nos anos 1960, a participação das mulheres no mercado de trabalho aumenta, o que revela uma coisa muito simples: Ter filhos sempre foi um enorme impeditivo para o sucesso profissional das mulheres, coisa que nunca existiu para os homens.

Outro ponto importante que suas pesquisas revelam é que empregos com horários mais flexíveis empregam mais mulheres, o que nos leva novamente ao mesmo ponto: O papel social de gênero imposto às mulheres, que inclui dupla jornada com empregos domésticos e cuidados com as crianças, é fator impeditivo em suas carreiras profissionais.

A Fundação Podemos possui um trabalho publicado pela pesquisadora Ariana Bazanno que demonstra que durante a pandemia, o impacto do desemprego atingiu mais as mulheres do que os homens: A razão? Na hora do aperto, elas é que são obrigadas a abrir mão de seus empregos para cuidar das crianças e dos idosos.

Nós acreditamos na igualdade de oportunidades para todos. E é a partir desse princípio que defendemos que todas essas questões devem ser abertamente discutidas e revistas, para que possamos viver em um mundo no qual todas as mulheres possam ser aquilo que desejam ser. Nesse dia, uma mulher vencendo um prêmio Nobel não será notícia, porque será comum. E nesse dia qualquer um, ou qualquer uma, que pretender dar continuidade à pesquisa de Claudia Goldin, encontrará resultados diferentes.

 

 

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

Compartilhe:
como citar
Últimas publicações
Acompanhe nosso conteúdo
plugins premium WordPress