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Debatendo a Economia: Série Economistas Folha
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Debatendo a Economia: Série Economistas Folha

O jornal Folha de São Paulo iniciou uma nova série de artigos de opinião. Desta vez, os assessores para assuntos econômicos dos pré-candidatos à Presidência apresentaram as suas visões sobre os principais desafios a serem enfrentados nesta área. Escreveram ao jornal: Nelson Marconi, que inaugurou a série e representa o pré-candidato Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles, que representa João Dória (PSDB), Guido Mantega, que representa Lula (PT) e Affonso Celso Pastore, que representa Sergio Moro (União Brasil).

Nelson Marconi é professor da FGV-Eaesp e foi coordenador da elaboração do programa de governo de Ciro Gomes em 2018. Em seu artigo, o professor enfatizou o processo de desindustrialização que o País vive, ressaltando a diferença com os países asiáticos; isto é, enquanto estes promoveram políticas de desenvolvimento científico e tecnológico, adotando boas políticas macroeconômicas e de planejamento estratégico, o que gerou bons empregos e aumentou os PIBs per capita, o Brasil manteve-se estagnado.

Nossos problemas, segundo o diagnóstico de Marconi, passam por políticas macroeconômicas equivocadas, como por exemplo, câmbio sobrevalorizado e juros altos, políticas industriais ineficazes, insuficiência de investimento em ciência e tecnologia, má qualidade do gasto público, e, sobretudo, ausência de uma estratégia nacional de desenvolvimento. A consequência desse processo seria a falta de geração de “bons” empregos, com o aumento da informalidade no mercado de trabalho, além da estagnação do PIB per capita.

Para reverter esse cenário e voltar a gerar bons empregos, Marconi aponta para a necessidade de se estruturar um cenário macroeconômico favorável a quem produz; ou seja, implementar uma política fiscal que sinalize sustentabilidade da dívida pública, sobretudo por meio da redução dos atuais subsídios e isenções, mudanças na lógica orçamentária e com a implementação de uma tributação mais progressiva, que incida  mais sobre lucros, dividendos e patrimônio, além da desoneração do setor produtivo. Para Nelson Marconi, essas são as medidas recomendadas. As consequências de tais medidas seriam, portanto, a redução estrutural da taxa de juros e a manutenção de uma taxa de câmbio mais competitiva, o que favoreceria o setor produtivo nacional. Em adição a essas medidas Marconi ainda elenca a importância dos investimentos públicos como medida necessária à retomada do crescimento, além de ações para reduzir a inflação e o endividamento privado.

Uma segunda estratégia, embora complementar, seria a criação de um plano nacional de desenvolvimento “pactuado entre os setores público e privado”. O último ponto trazido pelo artigo é a questão ambiental. Marconi a classifica como uma oportunidade de investimentos, que estimularia a inovação e a sofisticação tecnológica do País. Concluiu, então, afirmando que há caminhos para a retomada econômica, mas é imperativo que se mude o modelo econômico.

O que Marconi propõe é uma mudança no papel do Estado. Desde 2016, a partir do governo Temer, o Estado encolheu e deixou de ser um investidor na atividade produtiva, com isso veio a desindustrialização. Ademais, apesar da aposta na financeirização, houve um decaimento do montante investido e uma mudança na lógica de atuação do Estado. O professor apontou, desta maneira, que o Estado deve ser, em suas palavras, matriarcal, “monitorando e cobrando resultados e premiando o bom desempenho.”.

O segundo artigo foi escrito por Henrique Meirelles, assessor econômico do pré-candidato à Presidência João Dória, ex-presidente do Banco Central (2003-2011) e ex-ministro da Fazenda do Brasil (2016-2018). Meirelles iniciou seu texto identificando dois problemas econômicos: a enorme desigualdade econômica e a necessidade de o país voltar a crescer. Para o primeiro caso, o economista defendeu que é necessário gerar empregos e aumentar a remuneração dos trabalhadores. No caso do crescimento, Meirelles argumentou que é necessário aumentar a taxa de investimento e de ganhos de produtividade. Diferentemente de Marconi, este economista acredita que a maior parte do investimento deve partir do setor privado, sendo o setor público um guia para a atividade produtiva privada.

Outros pontos traçados pelo economista são a flexibilidade orçamentária e a concentração da ação estatal em áreas em que há pouco retorno financeiro, mas um retorno alto para a sociedade. Então, Meirelles elencou quatro necessidades para que o Estado seja forte, mas não necessariamente grande: “reestabelecimento de um quadro macroeconômico estável, redução da desigualdade social, investimento na formação de capital humano, promoção de um ambiente de negócios que facilite a produção e seja ambientalmente sustentável”.

Assim como asseverou Marconi, a questão ambiental ganha destaque no ideário de Meirelles, principalmente no que diz respeito à economia de carbono zero e à preservação da Amazônia.

Guido Mantega, o terceiro a escrever o artigo para a série da Folha, foi Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos governos Lula e Ministro da Fazenda (2006-2014). Mantega iniciou seu texto fazendo uma análise da conjuntura econômica atual, ressaltando o neoliberalismo anacrônico de Bolsonaro, a contração da economia por conta de uma política fiscal agressiva e a crise decorrente da pandemia, que pode contrair as exportações brasileiras, bem como o recente aumento dos juros praticado pelo Federal Reserve (Fed).

Mantega relembrou os anos de desenvolvimentismo dos governos Lula e Dilma, momento em que, de acordo com ele, a economia cresceu, com baixo desemprego e, até 2014, atingiu um encolhimento da dívida pública. Este cenário de crescimento foi revertido, na visão de Mantega, pelas políticas governamentais de Temer e Bolsonaro. O desafio seria, portanto, a criação de um plano de desenvolvimento econômico e social para reestruturar e retomar a economia brasileira.

Neste sentido seria imperativo a criação de programas para o combate da pobreza e da fome. A geração de empregos seria o efeito causado por um aumento do investimento público e privado, que ampliariam também a infraestrutura do País.

Em relação à política tributária, Mantega ressaltou a necessidade de simplificação dos impostos, com diminuição dos tributos pagos pelos mais pobres e aumento da tributação dos 1% mais ricos, revertendo a “regressividade da estrutura tributária brasileira”. Na área monetária, o economista defendeu uma política para conter a inflação, mas sem aumentar estratosfericamente os juros, que prejudicam o crescimento econômico. Mantega não chegou a tocar na questão ambiental.

O último texto é de autoria de Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e assessor econômico do pré-candidato Sergio Moro. Pastore ressaltou que o primeiro grande desafio é a retomada do crescimento econômico, que deve ser inclusivo – com a eliminação da extrema pobreza – e sustentável – com “a obrigação de defender o meio ambiente”.

O economista identificou que, para que o crescimento ocorra, seria necessário o aperfeiçoamento das instituições. Parte do problema seria sanado, ainda na visão de Pastore, com uma política fiscal que cortasse privilégios e evitasse desperdícios, direcionando os recursos para áreas que garantam retorno social como um todo.

A questão tributária também foi citada pelo autor, que aposta na simplificação e na eliminação da regressividade de nosso arcabouço tributário. Na questão da infraestrutura, Pastore afirmou que grande parte das mudanças deveriam ser realizadas pelo setor privado, por meio de concessões.

No campo social, o economista defendeu uma política que garanta “o mesmo ponto de partida para todos”, eliminando, assim, privilégios. Nesse sentido, a participação do Estado por meio de políticas públicas ganharia destaque. Pastore inclusive citou exemplos bem-sucedidos em diversas áreas, como na educação e na assistência à primeira infância.

Assim como os outros autores, com exceção de Mantega, o ex-presidente do Banco Central afirmou que uma política ambiental eficaz seria necessária, instituindo-se o objetivo do desmatamento zero e das políticas de desenvolvimento sustentável.

Artigo de Guido Mantega sobre economia repercute entre pré-candidatos/Correio Braziliense (05.01)

“Em artigo publicado nesta quarta-feira (5/1) no jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro da economia, Guido Mantega, apresentou ideia do direcionamento que Lula pretende dar ao plano econômico de sua campanha no ano que vem. Primeiro, Mantega atacou a campanha de Bolsonaro, a classificando como um “enterro”, que será assistido nas eleições. Em sua opinião, a economia bolsonarista está “estagnada” e se manterá assim.”

‘Neoliberalismo fracassado’ e ‘amnésia petista’: veja reações à série pensamento econômico de pré-candidatos/Folha (06.01)

“Com classificações que vão de “receituário neoliberal fracassado” à “amnésia seletiva petista”, analistas comentaram a série de artigos publicada pela Folha nesta semana, na qual economistas detalham o pensamento econômico de pré-candidatos à Presidência da República.”

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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