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Acervo Temático: Um espectro ronda a Europa

Acervo Temático: Um espectro ronda a Europa

Um espectro ronda a Europa. A célebre frase com que Marx e Engels abrem o Manifesto do Partido Comunista em 1848 parecer servir para o atual momento europeu. Mas agora não se trata de uma “ameaça do comunismo”.

No início de junho os europeus foram chamados às urnas para eleger seus representantes no Parlamento Europeu, que é composto por 720 eurodeputados em número proporcional à população de cada país membro da União Europeia.  Os resultados seguiram a tendência esperada: Um aumento vertiginoso da extrema-direita, sobretudo em importantes países membro, como Itália, Alemanha e França. Mas o que significa afinal o Parlamento Europeu e suas eleições?

O Parlamento Europeu é um importante órgão da União Europeia e conta com eleições diretas desde 1979. Suas principais funções são exercer supervisão sobre outras instituições da UE, além de aprovar a nomeação do presidente da Comissão Europeia e supervisionar a implementação de seu orçamento. Ele também possui importância na celebração de acordos internacionais da UE com outros membros da comunidade internacional, como, por exemplo, o recente e ainda em negociação acordo UE-Mercosul.

Mas certamente seu papel mais importante está na representação democrática dos cidadãos europeus, que, de cada um de seus países, votam diretamente em seus representantes. Mas como funciona essa votação?

As eleições são realizadas a cada cinco anos, ao mesmo tempo, em todos os países membro. Cada país membro possui direito a uma quantidade de assentos proporcional à sua população, como já dissemos. Assim, na verdade o que se dá na prática é que ocorrem várias eleições a nível nacional, já que cada país realiza a sua própria eleição e em geral os candidatos são apresentados pelos partidos nacionais. A eleição segue a regra proporcional, de modo que cada partido obterá uma quantidade de assentos proporcional à sua votação, e a contagem também é feita nacionalmente, o que acaba gerando campanhas que reproduzem as disputas partidárias internas.

É por essa razão que podemos dizer que as eleições para o Parlamento Europeu na prática funcionam menos como uma avaliação das políticas europeias do que como um termômetro da aprovação dos governos em cada país e, por consequência, uma bússola da política nacional de cada país membro.

Assim, muito resumidamente, temos o seguinte cenário: Na Alemanha, o tradicional partido social democrata (SPD), partido histórico da esquerda, hoje centro-esquerda, e que é o partido do atual chanceler, foi ultrapassado pelo partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha).

Na França, a coalizão do partido do presidente Emanuel Macron foi largamente superado pela coalizão do Rassemblement Nacional (RN), também de extrema-direita. A derrota para o campo político do presidente foi tão grande que na mesma noite em que saíram os resultados, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições.

Já na Itália, a vitória foi do grupo Frateli di Italia, um partido que presta claras referências ao fascismo dos anos 1930. Com cerca de 30% dos votos, sua vitória representa também uma vitória para a primeira-ministra Giorgia Meloni.

Cada um desses agrupamentos políticos nacionais, por sua vez, constrói coalizões supranacionais dentro do Parlamento Europeu, o que se dá, naturalmente, em função de suas proximidades ideológicas. Veja abaixo como ficará a composição da atual legislatura:

 

Disponível em: https://results.elections.europa.eu/pt/resultados-eleitorais/2024-2029/

 

Como podemos entender esses movimentos da política europeia? Por que esses agrupamentos políticos têm sido designados pelos analistas como de “extrema-direita”? Quais são suas ideias centrais? O que eles possuem em comum?

Buscando compreender e explicar esse “espectro que ronda a Europa”, lançaremos uma série de textos e vídeos. O intuito é acompanhar os movimentos da política contemporânea mundial, que, em grande medida, reflete sobre o cenário nacional e pode nos ajudar a pensar nossos próprios problemas e desafios políticos.

Seguimos atentos.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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