Neste mês, Gilberto Gil foi eleito para ocupar a 20ª cadeira da Academia Brasileira de Letras. O cantor, compositor e ex-Ministro da Cultura foi eleito por unanimidade, com 21 votos. Filho de médico e de uma professora, Gil nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Sua relação com a música se deu desde pequeno, mas foi apenas aos nove anos de idade que Gil foi admitido numa escola de acordeão.
Em 1961, Gilberto Gil iniciou seus estudos em Administração de Empresas na Universidade da Bahia. Grande centro universitário, o cantor e compositor organizou diversos eventos relacionados com a música, como o Seminário da Música. Inicia sua carreira artística em 1962, escrevendo jingles. Dois anos depois, já bacharel, mudou-se para São Paulo para trabalhar na área e passou a dividir sua vida entre a música e o escritório. Em 1968, o movimento Tropicália, fundado por Gil, estava em seu ápice, mas no mesmo ano ele e o também cantor Caetano Veloso foram presos devido ao Ato Institucional nº5, da ditadura militar. Algum tempo após ser solto, Gil saiu do país junto com a sua então esposa Sandra Barreira Gadelha, passando a viver em Chelsea, Londres. Foi apenas em 1972 que o cantor recebeu autorização para voltar para o país.
Com 34 álbuns de estúdio, Gil emplacou hits atemporais, como “Aquele Abraço”, “Toda Menina Baiana”, “Se Eu Quiser Falar com Deus”, entre outros. O cantor também é co-autor de quatro livros: “O poético e o político e outros escritos” (1988), “Gilberto bem perto” (2013), “Cultura pela Palavra” (2013) e “Disposições amoráveis” (2016). O cantor ainda é vencedor de diversos prêmios, como o Grammy Awards e o Grammy Latino, além de ser galardoado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito e ter sido promovido ao grau de Grã-Cruz suplementar da Ordem de Rio Branco. Foi nomeado, em 1999, “Artista da Paz” pela UNESCO.
Pai de oito filhos, o cantor também teve uma carreira política, sendo eleito vereador de Salvador, sua cidade natal, em 1988 pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1990, se filiou ao Partido Verde (PV). Em 2003, foi nomeado pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva para o Ministério da Cultura do Brasil, onde permaneceu por cinco anos. Uma de suas primeiras ações enquanto ministro foi a aliança formada com a Creative Commons, uma organização não-governamental criada para expandir a quantidade de obras criativas disponíveis, através de licenças que permitem a cópia e compartilhamento com menos restrições que o tradicional “todos direitos reservados”. Atuou também como Embaixador da ONU para agricultura e alimentação.
Ao ser eleito para a 20ª cadeira da ABL, Gil recebe o reconhecimento de uma trajetória ilustre. Cantor, compositor, musicista, autor e político, Gil merece o reconhecimento de ser imortal. Apenas o terceiro negro na ABL, a posição de Gil é que a Academia deve se pronunciar sobre temas políticos relevantes e se colocar a favor da democracia. Ainda, sua vitória é simbólica. A 20ª cadeira fora ocupada pelo general Aurélio de Lyra Tavares, que, quando ministro do Exército, assinou o Ato Institucional nº 5 que recrudesceu o regime ditatorial e foi a base para a prisão política de Gilberto Gil e Caetano Veloso, bem como de outros grandes artistas brasileiros.
Gil na Academia Brasileira de Letras: entenda o que representa a eleição/O Globo (11.11)
“RIO — A Academia Brasileira de Letras (ABL) terá mais um representante da música popular entre seus quadros. A informação foi dada em primeira mão pelo blog de Ancelmo Gois. Ele foi eleito com 21 votos. O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito, nesta quinta-feira à tarde, para a cadeira nº 20 da casa, que foi do jornalista Murilo Melo Filho, morto em março de 2020.“
A cadeira 20 de Gil na ABL já foi de seu ‘carcereiro’ Lyra Tavares/O Globo (11.11)
“As voltas que o mundo dá — no caso para melhor, claro. Não é obrigado, mas é da tradição da Academia Brasileira de Letras que, no discurso de posse, o novo imortal recorde seus antecessores naquela cadeira. No caso de Gilberto Gil, eleito hoje para a ABL com 21 votos favoráveis (o poeta Salgado Maranhão recebeu sete), a cadeira de número 20 já foi ocupada pelo general Aurélio de Lyra Tavares (1905/1998), que, como ministro do Exército, assinou o Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, que piorou ainda mais a ditadura militar.“
Gilberto Gil é eleito para a cadeira 20 na Academia Brasileira de Letras: ‘Muito feliz’/G1 (11.11)
“O músico baiano Gilberto Gil, de 79 anos, foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na tarde desta quinta-feira (11). Ele foi eleito com 21 votos.“
‘Sentimento de gratidão à vida’, diz Gilberto Gil após eleição para a Academia Brasileira de Letras/Fantástico (14.11)
“Gilberto Gil foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras na última quinta-feira (11), e em entrevista exclusiva contou o que muda com a eleição, como encara a fé, como se sente ao voltar a fazer shows, na Europa, e a relação com os filhos e netos que também entraram na música. Veja na reportagem acima.“
3º negro na ABL, Gilberto Gil espera que associação se poste ‘em defesa da democracia’/A Tarde (15.11)
“O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, o cantor e compositor baiano Gilberto Gil, falou sobre o peso que o título carrega e o que espera da ABL no futuro.“
Há 143 anos, Machado de Assis descreveu entrada de Gilberto Gil para a ABL/Opinião Gazeta do Povo (16.11)
“Coincidência pura. Depois de algumas cervejas e discussões divertidamente acaloradas sobre minha implicância recente e passageira contra Machado de Assis, meu amigo André (o “boêmio que nunca tinha comido lambari frito”) me recomenda ler os contos machadianos. Os mesmo que li há muito tempo numa celebrada edição – mas dos quais me lembro pouco. Ainda tontinho de alegria fraterna, compro uma coletânea que me parece satisfatória e espero. Sentado, que de pé cansa.“