A reedição do segundo turno de 2017 foi confirmada no dia 10 de abril. Com 27,84% dos votos válidos, o atual presidente Emmanuel Macron (A República em Marcha!) ficou em primeiro lugar, seguido pela candidata da extrema-direita, Marine Le Pen (Reunião Nacional), que obteve 23,15% dos votos. Assim como em 2017, então, os candidatos se enfrentam no segundo turno no próximo domingo (24/04).
O País, que preside atualmente o Conselho da União Europeia, teve um primeiro turno não tradicional. Temas clássicos das eleições francesas, como a questão da imigração, deram lugar a pautas socioeconômicas, como a subida do preço da energia e a queda no poder de compra.
Cabe ressaltar, ainda, que a atual gestão de Macron enfrentou grandes desafios: a crise política dos coletes amarelos, a pandemia de Covid-19, a baixa adesão à vacinação por parte da população, uma tentativa de mediação da guerra entre Rússia e Ucrânia, bem como os próprios efeitos da guerra. Macron também sofreu algumas baixas no campo internacional, como o caso dos submarinos nucleares, quando a Austrália fez um acordo com os Estados Unidos e o Reino Unido, abrindo uma crise diplomática entre EUA e França. De qualquer maneira, Macron tem enfrentado o desgaste natural de qualquer governante em tempos cujos desafios superam aqueles costumeiros de períodos de paz e sem pandemia.
Marine Le Pen, por outro lado, vem de uma família tradicional da política francesa. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, foi presidente da Frente Nacional, partido nacionalista de extrema-direita e chegou ao segundo turno das eleições presidenciais de 2002, quando foi registrado o recorde de abstenções para eleições presidenciais no primeiro turno. No entanto, Jean-Marie Le Pen foi derrotado pelo polêmico Jacques Chirac, envolto em escândalos de corrupção. Após deixar a presidência do partido, sua filha o sucedeu. Em 2018, frente à crise de representatividade, Le Pen mudou o nome do partido para Reagrupamento Nacional. Isso não significou um afastamento das pautas tradicionais do partido de extrema direita, visto que Le Pen continua a defender a volta da pena capital, além de possuir um discurso forte contra a imigração, contra os muçulmanos e a chamada “elite” governante.
Apesar de parecer uma reedição idêntica à 2017, esta disputa se apresenta bem diversa da anterior. Como já mencionado, outras pautas tomaram lugar e a candidata de extrema-direita, Le Pen, tentou moderar a sua imagem, embora seu plano de governo ainda contemple as pautas primordiais de seu partido. Além disso, outros candidatos, que disputaram no primeiro turno, podem ser o diferencial para o resultado final.
Com a esquerda muito dividida, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) chegou ao terceiro lugar no primeiro turno com 21,95% dos votos, apenas 2 pontos percentuais abaixo de Le Pen. Seu discurso, tradicional da esquerda, pregava a taxação dos mais ricos, além de apresentar um forte plano ambiental.
Num segundo turno, entretanto, a potencial migração de votos de Mélenchon para Macron ou Le Pen é baixa. De acordo com as pesquisas de opinião, grande parte daqueles que votaram no primeiro turno no candidato de esquerda vão se abster ou votar nulo. Recentemente uma pesquisa da França Insubmissa indicou que a maioria do eleitorado de Mélenchon pretende votar nulo ou se abster no segundo turno. A consulta interna do partido não constava a opção de voto em Le Pen. Era esperado que o apoio fosse para Macron, que realiza um discurso de união democrática frente ao perigo da extrema-direita. Nesse sentido, o presidente enfrentará mais um desafio: cativar os votos da esquerda, uma vez que o apoio explícito não foi feito.
Um aspecto importante em relação ao pleito francês é que a taxa de abstenção entre os mais jovens foi de 41% entre aqueles entre 18 e 25 anos, de acordo com o jornal Le Monde. Muitos deles recusam a política tradicional, se mostrando mais diversos e inclusivos do que aquilo que os candidatos tradicionais oferecem, demandando a inserção de novos temas, bem como maior representatividade dos jovens na política.
Frente a uma candidata que busca se moderar e que há poucos dias antes foi acusada de desviar dinheiro público da União Europeia, Macron busca reverter os votos de regiões em que teve pior desempenho, sobretudo zonas desindustrializadas. O presidente fez um discurso no reduto eleitoral de Le Pen pregando a união e fazendo um mea culpa sobre a falta de assistência à população frente a desindustrialização. Além disso, ambos os candidatos buscam os votos indecisos ou aqueles que não foram às urnas, o que soma 26% dos cidadãos aptos a votarem.
A eleição francesa terá um impacto simbólico na Europa porque, se de um lado pode significar a ascensão de fato da extrema-direita na França e no próprio continente, de outro pode indicar que a reeleição de um presidente após 20 anos significará uma contenção do avanço extremista. A pauta econômica, como foi apontado, está no centro do debate público. O atual presidente propõe uma França globalizada e com foco no mercado livre. Já Le Pen defende medidas econômicas protecionistas e uma reformulação da relação entre a França e seus aliados.
Apesar da vitória no primeiro turno, Macron enfrentará uma candidata forte, que se apoiou em pautas socioeconômicas e conseguiu pintar um presidente alheio à realidade dos franceses. Não está claro quem será o vencedor, mas de certo será uma disputa muito mais acirrada do que 2017. Ganhará aquele que convencer o eleitorado de que a outra opção é a pior para o futuro da França.
Com esquerda esvaziada, três candidatos da direita lutam para ir ao segundo turno contra Macron/O Globo (17.01)
“PARIS — A campanha para as eleições presidenciais francesas de abril deste ano, oficialmente lançada neste mês, tem sido marcada por uma radicalização à direita dos debates. De acordo com as pesquisas, três candidatos aparecem com chances de passar a um eventual segundo turno para enfrentar o presidente Emmanuel Macron, por enquanto à frente nas intenções de voto e tido como assegurado no duelo final. Valérie Pécresse, da direita tradicional, disputa com dois nomes da ultradireita, Marine Le Pen e Éric Zemmour, o direito de sonhar com o Palácio do Eliseu. Já o campo da esquerda amarga as últimas posições, incapaz de pesar no debate eleitoral.“
Plano para 2º mandato de Macron aumenta gasto militar e prevê UE forte/Folha (17.03)
“O presidente da França, Emmanuel Macron, apresentou nesta quinta-feira (17) seu plano de governo para um eventual segundo mandato à frente do país, duas semanas após anunciar oficialmente sua candidatura. O primeiro turno das eleições presidenciais ocorre no dia 10 de abril.“
“Marine Le Pen, candidata da direita às eleições presidenciais na França, em abril, moderou seu discurso e mudou seu programa para atrair eleitores que tradicionalmente votam em partidos de esquerda.“
Significado para a Europa da eleição na França/CBN (10.04)
“Aline Burni, doutora em Ciência Política pela UFMG, integrante do Observatório da Extrema Direita no Brasil e pesquisadora no Instituto Alemão de Políticas de Desenvolvimento, traçou um panorama da eleição francesa em entrevista ao Revista CBN.“
Macron tem o desafio de mobilizar a esquerda contra a extrema direita em segundo turno mais acirrado do que em 2017/O Globo (11.04)
“Assim como em 2017, Emmanuel Macron ficou em primeiro lugar e enfrentará Marine Le Pen no segundo turno das eleições presidenciais da França. Se, há cinco anos, o caminho do atual presidente no pleito decisivo foi relativamente tranquilo e ele conseguiu atrair 66,10% dos votos válidos, dessa vez o desafio é bem mais significativo, e uma vitória da candidata da extrema direita não é impossível.“
Macron teria 43% dos votos de Mélenchon em 2º turno na França/Poder360 (13.04)
“O presidente da França, Emmanuel Macron (A República em Marcha!), é o preferido de 43% dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), 3º colocado nas eleições francesas de domingo (10.abr.2022). A candidata de direita Marine Le Pen, deputada do partido Agrupamento Nacional, herdaria 28% dos votos do candidato de esquerda. Abstenções somam 29%.“
Laços com Rússia podem se voltar contra Le Pen no 2º turno/DW (14.04)
“Proximidade da candidata de extrema direita à Presidência francesa não afetou seriamente seu desempenho no primeiro turno. Agora não será tão fácil ela convencer o eleitorado mais ciente de questões geopolíticas.“
Génération climat, vote musulman, décroissants… Radiographie de l’électorat Mélenchon/Le Figaro (15.04)
“Pour sa troisième candidature à l’élection présidentielle, Jean-Luc Mélenchon a recueilli 21,95 % des voix. Soit plus de 2 points de plus qu’en 2017 (19,58 %). Dans une étude exclusive pour Le Figaro et la Fondation Jean Jaurès, le politologue et essayiste Jérôme Fourquet montre comment le candidat de l’Union populaire a rassemblé un vaste électorat aux composantes assez disparates. Départements ultramarins, campagnes alternatives, bastions syndicaux, «génération climat», banlieusards, musulmans et bataillons de la gauche diplômée des métropoles constituent l’archipel mélenchoniste. Le résultat de l’élection présidentielle dépendra pour beaucoup de l’attitude contrastée de ces différents îlots au second tour.“
Poder de compra, tema da eleição na França, opõe propostas de Macron e Le Pen/Folha (16.04)
“Em uma eleição realizada em meio a uma relativa melhora da pandemia e aos reflexos diretos que a Guerra da Ucrânia provoca na Europa, a França irá às urnas no dia 24 preocupada mesmo com o bolso.“
Milhares vão às ruas da França em protestos contra ultradireita a uma semana do 2º turno/Folha (16.04)
“Milhares de manifestantes tomaram as ruas de pelo menos 30 cidades da França neste sábado (16) em passeatas contra a candidata da ultradireita, Marine Le Pen, que disputará o segundo turno da eleição presidencial contra Emmanuel Macron no próximo dia 24.“
Macron e Le Pen: o que você precisa saber sobre o 2º turno das eleições na França/CNN (16.04)
“Macron e Le Pen irão disputar o segundo turno das eleições na França, o que também pode ser visto como um “segundo round”. A eleição presidencial francesa será uma revanche da disputa de 2017, quando Marine Le Pen, da extrema direita, enfrentou o recém-chegado político Emmanuel Macron, que acabou vencendo a disputa.“
Présidentielle 2022 : à Marseille, Macron place «l’écologie au cœur du nouveau paradigme politique»/Le Figaro (16.04)
“Le soleil brille, il brûle presque. La pelouse, elle, est verdoyante. Tellement, d’ailleurs, qu’il aurait été dommage de l’abîmer. Surtout lors d’un discours consacré à l’écologie. À Marseille, samedi, pour ce qui devait être son seul «grand» meeting d’entre-deux-tours, Emmanuel Macron n’est pas parvenu à faire salle comble. Avec environ 2000 à 3000 personnes face à lui – loin des 5000 espérées par son équipe de campagne -, le président-candidat s’est exprimé face à un public clairsemé. Certes, le carré de militants installés autour de l’estrade, affrétés en bus ou en train et chauffés à blanc, a bien tenté de donner le change. Mais le discours a toutefois sonné creux à certains endroits du Palais du Pharo, gâchant quelque peu le décor de carte postale de ce monument bâti par Napoléon III, qui plonge dans le Vieux Port, et dont la vue à 180° va de la Cathédrale de la Major à celle de Notre-Dame-de-la-Garde.“
Milhares protestam contra a extrema direita em 30 cidades na França na reta final do segundo turno/O Globo (16.04)
“PARIS — Milhares de manifestantes contra a extrema direita marcharam pela França neste sábado, enquanto os oponentes da candidata Marine Le Pen buscam formar uma frente unida para impedi-la de vencer o segundo turno contra Emmanuel Macron, marcado para 24 de abril.“
Thank the elderly for keeping Europe’s extremists out of power/The Economist (16.04)
“If Emmanuel Macron, the youngest-ever president of France’s Fifth Republic, gets to keep his job he will have its oldest voters to thank. Had only the ballots of those under 60 been counted in the first round on April 10th, Mr Macron would have come third—leaving France to pick between extremists of the left and right in the run-off a fortnight later. Across Europe, many mainstream leaders owe their jobs to a grey-haired (and no-haired-at-all) electoral bulwark loyally trudging to the polls. They will not be around for ever. Either today’s youngsters will have to mellow into the middle ground as they age, or Europe will drift away from the predictable centrism it has comfortably espoused for decades.”
Partido de Mélenchon indica preferir voto em branco ou abstenção no 2º turno na França/Folha (17.04)
“O França Insubmissa, partido de Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial francesa, divulgou neste domingo (17) os resultados de uma consulta interna sobre o posicionamento que a sigla deve ter na segunda rodada.”
Eleição na França: Le Pen é acusada de desviar 600 mil euros da UE/UOL (17.04)
“A uma semana do segundo turno das eleições na França, marcado para 24 de abril, a candidata da extrema-direita Marine Le Pen é acusada de desviar dinheiro público da União Europeia. As denúncias foram publicadas ontem (16) pelo site francês Mediapart.“
Maioria dos apoiadores da esquerda radical da França pretende se abster ou anular no segundo turno da eleição, aponta consulta/O Globo (17.04)
“PARIS — A maioria dos eleitores do candidato da esquerda radical francesa Jean-Luc Mélenchon pretende se abster ou anular o voto no segundo turno das eleições presidenciais no domingo que vem, entre o atual presidente, Emmanuel Macron, e a candidata de extrema direita, Marine Le Pen. A tendência de voto foi apontada em uma consulta interna do partido de Mélenchon, o França Insubmissa.“
Procurador francês investiga Le Pen após relatório da UE com denúncias de fraude/O Globo (18.04)
“PARIS — A promotoria de Paris abriu uma investigação relacionada às alegações de que a líder nacionalista Marine Le Pen e vários membros de seu partido usaram indevidamente centenas de milhares de euros de fundos da União Europeia entre 2004 e 2017, quando ela era membro do Parlamento Europeu. A informação surge a menos de uma semana da eleição presidencial francesa, na qual ela enfrenta o atual presidente francês, Emmanuel Macron, no segundo turno.“
Des jeunes racontent leur rapport à la politique : « La génération de mes parents pense que si on ne vote pas, on n’a rien à dire. Je ne suis pas d’accord »/Le Monde France (19.04)
“Au premier tour de la présidentielle, 41 % des abstentionnistes avaient entre 18 et 25 ans. Au travers du projet « Une jeunesse en campagne », le photographe Samuel Gratacap donne la parole à celles et ceux qui ne se sentent plus représentés.“
Macron consolida vantagem sobre Le Pen a cinco dias da eleição na França/Folha (19.04)
“As últimas pesquisas sobre o segundo turno da eleição presidencial na França apontam a consolidação da vantagem de Emmanuel Macron nas intenções de voto para o próximo domingo (24). Com pontuação média de 55,8%, o nome da centro-direita atingiu seu melhor nível sobre a ultradireitista Marine Le Pen.”