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A Resenha: O Som da Liberdade

A Resenha: O Som da Liberdade

Polêmico, o Som da Liberdade (2023) tende a ser a produção que mais causou burburinho nos Estados Unidos lançada neste ano. O filme, que foi gravado em 2018, chegou aos cinemas brasileiros e a gente foi conferir essa produção.

Neste A Resenha, falamos um pouco sobre as polêmicas envolvendo o filme e como repercutiu nos Estados Unidos. Depois, damos a nossa visão sobre a produção, que possui bastantes pontos fortes, mas peca na direção.

 

Polêmicas de o Som da Liberdade

O longa conta a história de Tim Ballard, interpretado por Jim Caviezel. Conhecido por ter atuado em A Paixão de Cristo (2004), Caviezel não deixa de ser uma pessoa polêmica. E aqui a questão fica ainda mais complexa.

Retratando a história supostamente real de Ballard, o filme percorre a vida deste oficial dos Estados Unidos que atua contra redes de pedofilia que atuam no país. Ao resgatar Miguel Aguilar, uma criança de oito anos, do abuso de pedófilos, Ballard fica ciente que a sua irmã, Rocio Aguilar, também está desaparecida. Então, o personagem principal fica cada vez mais frustrado devido ao fato de que suas ações são limitadas por questões políticas e diplomáticas. Afinal, a rede internacional de tráfico humano sequestra crianças da América Central e do Sul para produzir conteúdo pornográficos e serem vendidas como escravas sexuais em outros países.

O filme tem pitadas de religiosidade. A frase “As crianças de Deus não estão à venda”, utilizada por Ballard, foi algo que chamou a atenção dos espectadores norte-americanos. Isso porque, com pintadas de uma moral cristã, o filme foi abraçado pela direita conspiratória estadunidense, ou melhor, pela extrema-direita.

Os liberais norte-americanos identificaram – se é que é verdade – uma relação do filme com as teorias conspiratórias do QAnon. Essa teoria afirma que existe uma rede, formada por adoradores de Satanás, pedófilos e canibais, que dirige uma rede internacional de tráfico infantil. Exatamente a temática do filme.

Entretanto, se não fosse pela escolha de Caviezel para interpretar Ballard, a questão não passaria de um mero achismo. O ator, por outro lado, já discursou em um evento promovido por simpatizantes da extrema-direita e aqueles que acreditam nas teorias de QAnon. Pois é, a escolha do casting deu fogo para as inflamações dos liberais norte-americanos.

Ainda, há questionamentos em relação ao número de crianças salvas por Ballard e também sobre a sua própria conduta moral. O agente dos EUA, algo que não é retratado pelo filme, é acusado de importunação sexual durante seu tempo como CEO na Operation Underground Raillroad (O.U.R.), organização criada por ele que atua contra o tráfico sexual. Ballard, após denúncias, se retirou da instituição que ele mesmo criou.

 

O Som da Liberdade sob um olhar crítico

Apesar do boicote promovido nos Estados Unidos ao filme, ele chegou ao Brasil. O que chama a atenção são os valores de bilheteria. O filme teve orçamento de U$ 14,5 milhões, mas arrecadou mais de U$ 180 milhões apenas nos Estados Unidos.

Contudo, vale a pena assistir ao filme? A temática é interessante e o filme, pelo menos na primeira metade, engaja bastante. Por ser baseado numa história real, esperávamos um filme de ação mais realista do que foi entregue. As cenas de ação são forçadas e bem irreais.

De fato, a temática é extremamente importante e fugindo do contexto dos EUA, com essa teoria conspiratória, aqui não vemos nenhuma implicação ou favorecimento político. Redes internacionais de tráfico infantil operam na América Latina, mas possuem como mercado consumidor países do Norte Global. Obviamente a temática importa.

Entretanto, a execução deixa a desejar. Além das cenas irreais de ação, o filme glorifica e heroiciza um personagem bastante polêmico, o ex-CIA Tim Ballard. Nos parece que foi empregada uma tática muito parecida com a do filme o Sniper Americano (2014), que tem como protagonista Bradley Cooper.

O filme também é bastante longo, de maneira desnecessária. Outro fator que chama a atenção é a extrema obsessão de Ballard com Rocio Aguilar, irmã de Miguel. Parece que o protagonista está mais interessado em salvar esta criança, parecendo triste, inclusive, quando resgata mais de 50 crianças, apenas porque ela não estava entre elas.

Por fim, a representação da América Latina no filme é bem americanizada. Perigosos, redes de corrupção, falta de segurança e boemia. É apenas isso que é retratado de nosso continente no longa.

Apesar disso tudo, o filme prende por ser uma temática interessante e importante. Vale a pena ser visto, mas com as expectativas de estarmos diante de um filme de ação e não baseado realmente em fatos reais.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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