O filme, que conta a inspiradora história de Diana Nyad e que rendeu duas indicações ao Oscar, melhor atriz e melhor atriz coadjuvante, está disponível nas plataformas de streaming.
“NYAD” (2023) vale a pena ser visto? A Fundação Podemos produziu uma análise fresquinha para você!
Diana Nyad é uma nadadora de longas distâncias, nascida nos Estados Unidos. Ela se mudou para Flórida ainda criança, quando foi adotada pelo namorado de sua mãe. Sua carreira se iniciou quando Jack Nelson se tornou seu treinador, logo se tornando campeã estadual da Flórida no nado de costas. Mas, foi nadando longas distâncias, sobretudo em mar aberto, que ela conquistou o reconhecimento internacional. Na época, estabeleceu o recorde ao nadar ao redor da Ilha de Manhattan em 7 horas e 57 minutos. Outro recorde estabelecido pela atleta foi a travessia Capri-Nápoles, na Itália. Finalizou sua carreira de natação competitiva fazendo a travessia entre a ilha de Bimini, nas Bahamas, até a Flórida, totalizando 160 quilômetros.
O filme possui pitadas de humor ao retratar Diana (Annette Bening) e sua melhor amiga, a também atleta, Bonnie Stoll (Jodie Foster). No seu aniversário de 60 anos, Nyad é retratada como uma pessoa que fala muito sobre seus feitos e possui bastante ego, embora ainda seja bastante agradável, sobretudo pelo seu humor. É nesta idade também que recapitula um grande sonho de atleta, o qual ela tentou completar um ano antes de anunciar o fim da sua carreira competitiva: nadar de Cuba até a Flórida, totalizando 160km.
Bonnie, sua melhor amiga, é então escolhida a sua treinadora. Com treinos de força e natação, Nyad começa suas tentativas em fazer o trajeto depois dos 60. Inclusive, é importante notar que a opinião generalizada era de que seria impossível fazer esse trajeto, que conta com as inconsistentes correntes do Golfo do México, ainda mais sem usar grade de proteção contra tubarões e outros animais marítimos. O sonho da nadadora, entretanto, falou mais alto do que as chances de enfrentar o “impossível”.
O filme mostra que Nyad tentou, ao todo, cinco vezes fazer a travessia, tendo desviado a rota antes de realmente conseguir. O longa demonstra a personalidade característica da atleta e a relação com a equipe que possibilitou o feito. A sua história é inspiradora no quesito de buscarmos sempre nossos sonhos, independentemente da idade, sempre acompanhado de um grupo de apoio. Essa foi a base de sua fala ao sair da água, já na Flórida, ao concluir o que todos pensavam ser impossível.
De fato, as indicações de melhor atriz (Annette Bening) e de melhor atriz coadjuvante (Jodie Foster) são totalmente justificáveis. Além de entregarem – e muito – em atuação, a química das atrizes trouxe mais veracidade ao longa. Outro ponto técnico a ser destacado é a maquiagem, reproduzindo os efeitos de um longo tempo de nado em águas salgadas.
Polêmicas envolvendo a travessia
Apesar do feito, Nyad nunca teve sua conquista reconhecida pela Guiness. Isso porque a Associação Mundial de Nadadores em Mar Aberto nunca reconheceu a travessia. Com o lançamento do filme, a Associação se manifestou, afirmando que era necessário consumir a obra com “discernimento, tendo em mente as discrepâncias em torno do nado”.
Assim, desde o feito, em 2013, Nyad busca o reconhecimento da Associação Mundial de Nadadores em Mar Aberto, sempre com uma negativa. Entre as justificativas, estão o fato de que a nadadora supostamente não teria aderido a todos os protocolos de ultramaratona em mar aberto. A nadadora visa que o feito seja reconhecido “sem assistência”, mas, como retratado pelo filme, ela usou uma roupa especial, máscara e, em certo momento, a equipe da nadadora a auxiliou a selar o traje especial.
Além disso, 9 horas do trajeto não foram registrados em câmera, período este em que o GPS acoplado na nadadora mostra um aumento da velocidade, apontando que talvez ela tenha usado algum veículo ou objeto para auxiliá-la. A equipe afirma, por outro lado, que esse período de aumento da velocidade é justificado por correntes marítimas favoráveis. Essas teorias acabam ganhando força com um histórico de exageros por parte da nadadora. Por exemplo, ela afirmou que foi a primeira mulher a nadar ao redor da Ilha de Manhattan, quando, na verdade, foi Ida Elionsky em 1916. Todavia, Nyad, de fato superou o recorde da época em velocidade ao nadar ao redor da Ilha.
A diretora do filme, Elizabeth Chai Vasarhelyi, que fez um belíssimo trabalho na construção narrativa, se posicionou sobre essas polêmicas, afirmando que não é um filme sobre recordes esportivos, mas sim sobre a resiliência de uma mulher de mais de 60 anos em quebrar as suas barreiras e buscar a superação.
É um filme que traz momentos de angústia, mas muita risada e faz com que você simpatize com os personagens. Vale muito a pena ser visto!