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A Resenha – Nada de Novo no Front (2022)
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A Resenha – Nada de Novo no Front (2022)

Uma nova fórmula para um tema já conhecido, Nada de Novo no Front escancara os horrores de uma guerra. Baseado no livro de Erich Maria Remarque, escrito em 1929, o longa, disponível na Netflix, concorre a diversos prêmios internacionais.

Mais do que bem executado, o filme nos leva a questionar os horrores e a condição humana em períodos de guerra. Ambientado na Primeira Guerra Mundial, Nada de Novo no Front acompanha a jornada do jovem soldado alemão Paul Bäumer (Feliz Kammerer). Com um ritmo lento e pesado, o filme nos faz questionar as narrativas para uma guerra e as suas consequências.

 

Numa guerra de trincheiras, as baixas são recorrentes – lembramos que em torno de 10 milhões de soldados foram mortos na Primeira Guerra Mundial, além de mais de 13 milhões de civis. No ano que teve início a Guerra da Ucrânia, relembrar os horrores de uma guerra nos faz questionar as suas dualidades, incongruências, a sua estupidez e as suas consequências.

O filme é, sem dúvida, forte. As cenas são devastadoras e a sonografia faz com que o telespectador seja imerso na narrativa do filme. É também um filme longo, mas que, obviamente, não é sinônimo de tedioso.

Desde o lançamento do livro até esta última adaptação, a história de Nada de Novo no Front é uma afronta às ideias e ideais militaristas, ainda altamente presentes em nossa história. A produção é antiga, mas, ao mesmo tempo, atual.

Dirigido por Edward Berger, o filme conta a história de um grupo de amigos que decidem, norteados pelo nacionalismo, se alistar para ir à guerra. Não são necessários   20 minutos de filme para que o entusiasmo inicial dos personagens se torne um verdadeiro pesadelo. Frio, fome, sangue, armas impõem a dura realidade de uma guerra aos jovens alemães.

Passado na frente ocidental, que pouco avançou durante a guerra, o filme mostra o horror da perda e o trauma da desesperança. Muitas vezes, quem assiste, será pego por um sentimento de angústia ocasionado pelas cenas do filme.

Com certeza a fotografia – algo que é mais característico aos filmes europeus do que aos norte-americanos – é um ponto diferencial de um filme que trata de um tema de certa forma até batido. Mas, em pequenos pontos – seja pela natureza antibelicista ou por ritmo menos dinâmico ou até mesmo pela própria fotografia – Nada de Novo no Front consegue inovar.

Há também uma crítica referente àqueles que comandam a guerra sem se colocar no front. O personagem de Devid Striesow, General Friedrichs, é extremamente caricaturado. Mas o jogo de cenas em que aparecem os soldados em profundo sofrimento emocional, físico e psíquico e o General em sua mesa bem-posta, com comidas frescas, num palacete, expressa claramente a contraposição. Isto é, aqueles privilegiados pela hierarquia militar – generais – mandam e desmandam na vida daqueles que arriscam sua vida e saúde em uma guerra sanguinária. Como já diria o ditado popular: “quem faz a guerra não vai para a guerra”.  

O filme concorre ao Oscar nas categorias de: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado (Edward Berger, Lesley Paterson & Ian Stokell), Melhor Trilha Sonora (Volker Bertelmann), Melhor Design de Produção, Melhor Som, Melhor Filme Internacional (representando a Alemanha), Melhor Cabelo & Maquiagem, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Fotografia (James Friend). Em tempos de guerra na Europa e de discursos belicistas, vale a pena ser visto.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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