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A Resenha: Estranha Forma de Vida

A Resenha: Estranha Forma de Vida

O mais novo curta-metragem de Pedro Almodóvar já está disponível na plataforma de streaming Mubi. Com temática LGBTQIA+, o curta consegue mover emoções, sem apresentar grandes plot twists.

A expectativa dos espectadores era alta: ver Pedro Pascal, o ator chileno-americano sensação do momento, em uma relação gay com Ethan Hawke. Pascal, que ficou conhecido pelos seus papéis como machão em Narcos, Game of Thrones, Mandalorian e The Last of Us, apresenta algo inédito neste novo personagem.

O curta possui temática de faroeste, embora inove o gênero ao trazer uma relação LGBTQIA+ para o centro da história. Por se tratar de um curta, o filme introduz logo que Silva (Pedro Pascal) e o xerife Jake (Ethan Hawke) possuem uma paixão mal resolvida, mas há tempos não se encontram.

Após uma noite íntima, Jake começa a entender o que levou Silva a procurá-lo: o filho do fazendeiro é suspeito de ter cometido um crime. Num primeiro momento, duvidamos desta narrativa, devido às reticências de Jake em assumir o amor que sente por Silva. Entretanto, o sórdido fazendeiro logo vai ao encontro do filho.

O filme engaja, bem no estilo Almodóvar, ao equilibrar expectativas através de diálogos bem construídos e cativantes. Apesar disso, muitas vezes o filme parece ser uma sátira ao gênero western. Não nos parece, entretanto, que isso tenha fugido ao olhar do experiente diretor espanhol. Na realidade, há uma linha tênue, que diversas vezes é cruzada, algo que com certeza possui intencionalidade da direção.

O curta mistura cenas de melodrama, muito embora isso não o faça fugir da temática de Velho Oeste. É nessa estranha mistura, de um gênero que foi muito utilizado para contar a história do colonizador e do colonizado, que Almodóvar cativa. Silva se mostra disposto a viver uma paixão, e nos parece que sempre estivera, com Jake, que, por outro lado, coloca empecilhos e pretende deixar essa história de amor na surdina.

A alternativa de colocar dois homens que representam bem a masculinidade em seus filmes passados é bem pensada e executada. O filme trabalha com expectativas e não há mais expectativa em ver Pascal e Hawke interpretando seus papéis tradicionais. Mas, o que recebemos é exatamente o contrário: uma narrativa sensível e que faz com que ambos falem sobre seus sentimentos.

Alguns pontos chamam a atenção neste curta. O primeiro deles é exatamente os diálogos bem estruturados montados pelo roteirista e diretor Pedro Almodóvar. O segundo, é a fotografia do filme, que recupera a tradição de faroeste. Por fim, o figurino é extremamente bem pensado para tratar das expectativas em cada um dos personagens.

Silva usa, sobretudo, cores quentes, representando uma paixão e um ser menos propenso às molduras da sociedade. Já Jake utiliza cores mais neutras, como o azul, demonstrando sobriedade.

O curta foi indicado ao Queer Palm do Festival de Cannes de 2023, perdendo para o curta-metragem Bolero, de Nans Laborde-Jourdàa.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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