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A Resenha – Entre Mulheres

A Resenha – Entre Mulheres

“Entre Mulheres” (2022) foi vencedor do Oscar 2023 de Melhor Roteiro Adaptado. O filme é uma adaptação do livro “Entre Mulheres” (Women Talking), da escritora canadense Miriam Toews, que conta de maneira poderosa a história de mulheres que viviam em uma colônia cristã menonita.

A Fundação Podemos conferiu o filme e traz para você uma Resenha da produção!

O longa retrata a história de mulheres que precisam fazer uma decisão: ficar e lutar por uma comunidade melhor, ou fugir. A decisão decorre de recorrentes casos de abuso sexual sofrido pelas mulheres, que não se limitam à idade ou geração. Os homens, acusados pelos crimes, são levados à cidade, mas encontram nos outros homens aliados: eles se dispõem a pagar a fiança para a soltura.

Os homens ficam fora da comunidade por dois dias e o tempo corre para que essas mulheres façam a sua decisão, de forma escondida. Caso decidam ficar, terão de perdoar os violadores; se não o fizerem, terão de arriscar a danação eterna. O título original (Women Talking; mulheres falando, em inglês) é uma descrição perfeita do longa. Isso porque a produção se centra no diálogo das mulheres que ficam encarregadas de decidir por todas: as irmãs Salome (Claire Foy) e Ona (Rooney Mara), a cética Mariche (Jessie Buckley) e outras duas, Agata (Judith Ivey) e Greta (Sheila McCarthy).

O longa prende em diálogos, profundos, escritos por Sarah Polley, diretora e roteirista da produção. A grande sacada é compreender que aquelas mulheres passaram por situações muito similares, mas cada uma lida de um jeito: seja por meio da raiva, da racionalidade, tendo crises de pânico, ou mesmo através de um certo cinismo. A parte disso, não há um homem que figura nas cenas de maneira frontal, com exceção do sensível August (Ben Wishaw).

O roteiro é muito bem trabalhado, à medida que ele apresenta os diálogos intercalados com a experiência passada dessas mulheres, que possuem um trauma individual – no sentido de sentirem isso à sua própria maneira – e coletivo, visto que todas passaram por isso. A ideia é buscar um futuro melhor, é sonhar, mas, durante os diálogos, princípios de nossa sociedade aparecem: como se fundamenta a nossa justiça, a democracia e a ética. Tudo isso, sendo questionado e trazido de maneira muito latente, em diálogos de fácil compreensão. Vemos mulheres que não sabem ler e escrever, raciocinando sobre questões profundas sobre seu futuro, sobre o de seus filhos e sonhando com uma vida melhor.

As cenas são filmadas em baixa saturação, de forma que quase chega a parecer ser preto e branco. Isso dá um tom bastante sóbrio e, de certa forma, mórbido ao filme. Se cores com alta saturação tendem a mostrar a intensidade da temática, cores mais apáticas mostram a sobriedade do longa. Isso dá um grande diferencial, se analisarmos a parte técnica.

No casting, temos grandes atrizes que conseguem manusear os diálogos bem estruturados do longa: Claire Foy, por exemplo, conhecida por ter feito a Rainha Elizabeth em The Crown, domina as nuances das emoções de sua personagem, de forma que não é apenas a expressão corporal explosiva que mostra a sua ira, mas seu tom de voz. Não podemos, também, deixar passar a atuação da consagrada Frances McDormand, representando a personagem dissidente.

O livro, assim como o filme, retrata eventos reais — embora adaptados — que ocorreram na colônia Manitoba, na Bolívia. O filme foi vencedor, sobretudo, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado, como o Oscar e o Globo de Ouro. Com 1h44m de duração, o longa prende, embora cenas das memórias das mulheres podem causar distúrbios a alguns públicos.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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