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A Resenha: A incrível história de Henry Sugar

A Resenha: A incrível história de Henry Sugar

A incrível história de Henry Sugar é um curta-metragem cômico baseado num pequeno conto do escritor britânico Roald Dahl (1916-1990), autor de diversas obras que se tornaram clássicas no mundo da literatura infanto-juvenil, como por exemplo, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda e James e o Pêssego Gigante, que já foram, inclusive, também adaptadas para o cinema.

Wes Anderson, o aclamado diretor de filmes como O grande hotel Budapeste e Os excêntricos Tenenbaums, é quem dirige este curioso curta, que lhe permitiu pela primeira vez vencer o Oscar, sendo premiado na categoria de melhor curta-metragem de live action. O curta é recheado de atores consagrados e outros que já tem o respeito da crítica pelo seu desempenho em filmes marcantes, tal como o jovem Dev Patel, conhecido pelos excelentes Lion: uma jornada para casa e Quem quer ser um milionário. Ao lado de Dev Patel estão os indiscutíveis Ralph Fiennes (O paciente inglês e A lista de Schindler), o vencedor do Oscar de melhor ator Ben Kingsley (Gandhi) e Benedict Cumberbacht (O jogo da imitação e Ataque dos cães).

Henry Sugar, vivido por Benedict Cumberbacht, é um homem muito rico, herdeiro, vaidoso, egoísta, que passa seu tempo com jogos de azar. Um dia, entediado, ele visita a biblioteca de uma casa, cujo proprietário também era um jogador. Não era um homem culto e tampouco afeito aos livros. Lia apenas romances policiais e nada muito além disso. Mas, ao vasculhar tediosamente a biblioteca, acha um pequeno e estranho livro escrito por um médico indiano, Dr. Chatterjee, interpretado por Dev Patel, sobre a vida de Imdad Khan, personagem de Ben Kingsley, um notável homem que havia aprendido a ver sem os olhos. Os feitos de Imdad impressionam Henry Sugar, assim como impressionaram o médico indiano. Imdad aprendeu a ver sem precisar olhar por meio dos ensinamentos de um velho guru chamado o Grande Iogue.

O Grande Iogue ensinou Imdad a se concentrar através de um exercício onde o pupilo deveria olhar fixamente para a chama de uma vela visualizando o rosto da pessoa mais amada, focando-se nisso. O nível de concentração seria falho no início, mas, aos poucos, com muita repetição e esforço, o pupilo conseguiria concentrar-se até que pudesse olhar sem necessitar dos olhos. Imdad teve muita dificuldade em conseguir, mas foi capaz. Todavia, levou um certo tempo. O velho guru já havia lhe dito que apenas um homem em um bilhão teria o dom de rapidamente desenvolver a habilidade. Henry Sugar, ao ler a história de Imdad resolveu tentar. Ele seria esse um em um bilhão.

Henry Sugar, com sua habilidade desenvolvida, tornou-se capaz de enxergar qualquer carta de baralho sem precisar vê-la de frente. Ou seja, era como se conseguisse ver através do verso da carta. Ao conseguir fazer isso, sabia que seria capaz de ser o homem mais rico do planeta, ganhando dinheiro facilmente pelos cassinos do mundo.

Mas, a facilidade em ganhar dinheiro o deixou chateado. Não estava feliz com aquilo e, assim, resolveu jogar pela janela todo o dinheiro que havia ganhado numa noite. Todavia, inadvertidamente causou uma enorme confusão nas ruas por conta das notas que voavam da janela de seu luxuoso apartamento. Em razão da confusão foi abordado por um policial que lhe deu um conselho, que mudaria o rumo de sua vida.

O ritmo do curta é curioso, pois é quase alucinante a velocidade com que a sequência dos atos e dos diálogos acontecem, assim como a composição dos cenários, que remetem ao palco de teatro. O telespectador mal consegue respirar. Aliás, parece que aqui o diretor quis mesmo fazer uma brincadeira com o telespectador, que precisa se concentrar nas cenas com tanta força, que às vezes parece que vai até perder o fôlego de tão rápidas que são. Ou seja, em uma história sobre foco e concentração, se o telespectador desviar sua atenção, ele perde o foco e perde a cena.

Além desse pequeno jogo, a teatralidade das interpretações e dos cenários carrega o curta de uma riqueza artística considerável. A paleta de cores exuberantes também chama a atenção, pois além de ser uma marca registrada do diretor Wes Anderson, carrega aspectos do imaginário britânico colonialista, que vê o mundo que estava sob o domínio do império britânico em tonalidades quentes e exóticas, enquanto o mundo da metrópole é composto por cores frias e mais sofisticadas.

A incrível história de Henry Sugar é apenas um dos outros três curtas que Wes Anderson realizou, adaptando outros contos de Roald Dahl: O Cisne, O caçador de ratos e O veneno. A incrível história de Henry Sugar é, ao final, uma divertida experiência artística e visual que vale a pena ser vista. Aliás, qual é a moral da história que Roald Dahl confere com a vida de Henry? Cabe ao telespectador concentrar-se, focar-se e definir.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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