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Acervo Temático: Eleições chilenas

Acervo Temático: Eleições chilenas

Este foi um ano histórico para o Chile. O país passou por três eleições importantes: a formação da Constituinte, as eleições regionais e, o último pleito, as eleições nacionais. Neste acervo, trataremos de cada uma dessas eleições, elucidando sobretudo a importância do segundo turno da eleição para presidente, que ocorre no próximo domingo, dia 19.

O primeiro pleito, que elegeu os representantes da Constituinte, foi o mais aguardado desde 2019. Há dois anos o país passou por uma ebulição social com protestos em massa. Motivados pelo aumento da tarifa do metrô em 30 pesos (20 centavos), os manifestantes tomaram as ruas em uma série de protestos, o que levou o presidente Sebastian Piñera a decretar o Estado de Emergência. Os protestantes não deram trégua nem com a decisão de revogar o aumento da passagem e suas demandas se tornaram mais abrangentes do que o que gerou o próprio estopim. De maneira geral, sem liderança e pautas definidas, os manifestantes estavam descontentes com as medidas liberais que o país adotou nos últimos anos.

As manifestações foram duramente reprimidas pelo poder público, que chegou a colocar as Forças Armadas nas ruas para conter o impulso popular. A estratégia adotada fez com que mais manifestantes saíssem às ruas contra a violência da Polícia e das Forças Armadas. Desta forma, a decisão para conter os protestos foi de convocar uma Constituinte. É importante ressaltar que após o fim da ditadura de Pinochet, o Chile não adotou uma nova Constituição. Ou seja, grande parte das medidas tomadas pelos governos desde a redemocratização chilena estavam sob a égide da Constituição da era Pinochet. Muitos apontam que isso levou a uma incapacidade institucional de promover direitos sociais no país, culminando na insatisfação popular das manifestações de outubro de 2019.

A Constituinte chilena é a primeira do mundo com paridade de gênero e há cadeiras exclusivas para povos indígenas. Além disso, é a primeira vez na história do país que a Carta Magna nascerá de um processo democrático e participativo. A expectativa é de que a nova Constituição seja votada em 9 meses. Há quem defenda que essa seja uma oportunidade fundamental para a construção de um novo modelo socioeconômico no país.

O resultado da eleição para a Constituinte foi uma derrota para os partidos tradicionais chilenos. A esquerda conquistou 52 cadeiras, seguidos dos independentes, com 48 representantes. A direita ficou com apenas 38 cadeiras, sobrando as 17 reservadas para representantes dos povos indígenas.

Na segunda eleição chilena deste ano, as regionais, a esquerda chilena também saiu vitoriosa. Foi a primeira vez que este tipo de eleição foi realizada no país, dado que anteriormente os governos regionais eram indicados pelo governo federal. A Unidade Constituinte, coligação de partidos de centro-esquerda, conquistou 10 das 16 regiões do país. A direita, por outro lado, ganhou apenas a região de Araucanía. A participação foi a mais baixa desde o regresso da democracia, com apenas 19,6% dos eleitores votando no pleito.

Por fim, no próximo domingo, se realizará o segundo turno das eleições presidenciais. Com José Antonio Kast de um lado e Gabriel Boric de outro, a eleição é marcada pela polarização. O candidato de esquerda, Boric, aposta em uma plataforma eleitoral de recusa ao neoliberalismo. Kast, de extrema-direita, relembrou o legado neoliberal de Pinochet e prometeu reprimir o crime durante a corrida eleitoral. Ambos os candidatos afirmam que buscam a pacificação do país, dado as violentas manifestações de 2019 e o clima de insatisfação popular que ditou a política dos últimos anos. Seus métodos, entretanto, são diferentes. Boric afirma que criará mais programas sociais, enquanto o candidato de direita clama por uma maior participação da polícia.

No primeiro turno, Kast ficou a frente de seu concorrente com 27,92% dos votos. Boric ficou em segundo lugar com 25,80% dos votos. Após o primeiro turno, ambos os candidatos vêm moderando seus programas para tentar emplacar os eleitores de centro e aqueles que votaram em Franco Parisi, que ficou em 3º lugar com 12,83% dos votos.

Alguns especialistas alertam para o risco da eleição de Kast, já que o país conta com uma mobilização ativa de setores da esquerda e anarquistas, o que levaria para um aumento no nível de conflito social. Nas eleições mais decisivas da história recente do país também não é um consenso se o candidato de extrema-direita é antiliberal, como Jair Bolsonaro e Javier Milei (Deputado na Argentina). O risco da direita antiliberal é que há pouca consideração com o processo democrático e com a democracia em si, diferentemente da direita tradicional, que é comprometida com a democracia.

Outros dois pontos são importantes neste pleito. A polarização rompe com um padrão de 16 anos da política chilena, que tinha como candidatos principais Michelle Bachelet e Sebastián Piñera, os quais, mesmo em espectros políticos divergentes, eram mais moderados que os candidatos do pleito atual. Além disso, 47% dos eleitores não votaram, já que o voto não é obrigatório no Chile desde 2012. Podemos questionar se há realmente uma polarização no Chile ou se o país passa por um período de recusa da política tradicional, ou por uma combinação de ambos.

Este é, atualmente, um tema de grande debate. Daniel Zovatto, diretor para a América e o Caribe da International Idea, aponta que, desde 2019, os governantes têm sido derrotados em quase todas as disputas, o que contradiz a tendência anterior de vantagem dos mandatários. Soma-se a isso a proeminência de candidatos com discurso antissistema e governos sem maioria parlamentar. Este é, inclusive, um dos desafios do próximo presidente: governar com um Congresso certamente dividido.

Confira as principais notícias sobre as eleições chilenas:

Esquerda e independentes dominam Constituinte do Chile/DW (17.05)

A esquerda e chapas independentes, formadas por cidadãos que não são ligados a partidos políticos, devem garantir a maioria dos 155 assentos na Assembleia Constituinte, que irá redigir uma nova Carta Magna para substituir a atual, em vigor desde a ditadura de Augusto Pinochet.

Centro-esquerda vence eleições regionais no Chile e conquista capital/Carta Capital (14.06)

A coligação de partidos de centro-esquerda Unidade Constituinte (UC) foi a grande vencedora do segundo turno das eleições regionais desse domingo 13, conquistando a maioria dos cargos de governador, incluindo o de Santiago. O candidato Claudio Orrego, um militante dos Democratas-Cristãos (DC), venceu com 52,7% dos votos da capital

No encerramento das campanhas no Chile, Boric defende mais direitos sociais, e Kast exalta legado da ditadura/O Globo (18.11)

A apenas três dias do primeiro turno de suas eleições, os sete candidatos a presidente do Chile encerraram suas campanhas nesta quinta-feira à noite, com comícios pequenos para evitar multidões em função da pandemia. Em seus discursos, os dois candidatos favoritos, Gabriel Boric, da esquerda, e José Antonio Kast, da direita radical, prometeram levar estabilidade ao país, com métodos totalmente diferentes. Boric prometeu mais direitos sociais como via, enquanto Kast propôs medidas de caráter policial, defendendo o legado de Augusto Pinochet.

Chile tem eleição mais decisiva dos últimos anos, diz professora/CNN (21.11)

Neste domingo (21), a população do Chile vai às urnas para definir seu próximo presidente em uma disputa acirrada.

Candidatos da extrema direita e da esquerda vão ao 2º turno no Chile/G1 (21.11)

O candidato de extrema direita José Antonio Kast foi o mais votado no primeiro turno das eleições presidenciais do Chile, realizadas no domingo (21) com 27,92% dos votos, seguido do adversário da esquerda Gabriel Boric, que tem 25,80%.

Se a extrema direita vencer no Chile, o nível de conflito social será muito alto, diz Levitsky/O Globo (21.11)

O fenômeno do candidato José Antonio Kast no Chile se insere numa rede transnacional de ultradireita, que inclui dirigentes de países como Estados Unidos, Rússia, Turquia, Espanha e Israel, e que está penetrando na América Latina, onde vem substituindo as direitas liberais clássicas, muito mais comprometidas com as regras do jogo democrático. Essa é a avaliação do professor americano Steven Levitsky, coautor de “Como as democracias morrem”. Em entrevista ao GLOBO, Levitsky afirmou nunca ter imaginado que o discurso do ex-presidente Donald Trump encontraria eco na região. “Esta nova direita representa uma ameaça para os direitos liberais, os direitos que grupos historicamente marginalizados ou excluídos conquistaram, os direitos humanos”, alertou o professor americano.

Kast, da extrema direita, tem vantagem sobre esquerdista Boric no segundo turno do Chile/O Globo (22.11)

Mais votado no primeiro turno da eleição presidencial no Chile, no domingo, o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, já é considerado favorito para o segundo turno, em 19 de dezembro, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO. Seu rival da esquerda, Gabriel Boric, terá um desafio maior porque precisará atrair tanto eleitores de centro quanto aqueles que saíram às ruas para exigir um país mais igualitário, e, na hora de votar, preferiram ficar em casa.

Futuro presidente chileno terá de negociar com Congresso dividido/Estadão (23.11)

SANTIAGO – Com projetos antagônicos, candidatos de dois extremos disputarão o segundo turno no Chile. O ultraconservador José Antonio Kast e o socialista Gabriel Boric, no entanto, terão de moderar o discurso para negociar apoio do centro. Além disso, quem vencer, se quiser governar, terá de construir laços com um Congresso fragmentado.

O que as urnas vêm dizendo, não só no Chile/Opinião Folha (24.11)

Nesta semana, analistas chamaram a atenção para os resultados das eleições chilenas de domingo passado. Afinal, elas expuseram a quebra do padrão de disputa entre duas coalizões centristas, que prevalecia desde a volta da democracia em 1990 e tornava o jogo todo bastante previsível.

Chile: pesquisas apontam liderança de candidato da esquerda/Poder360 (28.11)

Dois institutos de pesquisa divulgaram neste domingo (28.nov.2021) seus levantamentos iniciais sobre o 2º turno das eleições presidenciais do Chile, que serão realizadas em 19 de dezembro. Ambas mostram o candidato da esquerda, o ex-líder estudantil Gabriel Boric, mas com vantagens bem distintas.

Boric e Kast moderam programas para afastar rótulo de radicalismo no Chile/O Globo (07.12)

A menos de duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais do Chile, marcadas para 19 de dezembro, os candidatos Gabriel Boric, de esquerda, e José Antonio Kast, de extrema direita, rumam ambos para o centro, atenuando pontos de seus programas e buscando costurar acordos com outras forças, atrás de eleitores moderados.

Investigação mostra que pai do candidato chileno Kast era membro do Partido Nazista na Alemanha/O Globo (09.12)

SANTIAGO — Uma carteira de identidade obtida do Arquivo Federal da Alemanha revela que Michael Kast, pai do candidato à Presidência do Chile José Antonio Kast, entrou para o Partido Nazista meses antes de seu 18º aniversário. O documento é datado de 1º de setembro de 1942, no auge da guerra de Adolf Hitler com a União Soviética. O documento desmente as declarações feitas pelo líder da extrema direita e vencedor do primeiro turno eleitoral em 21 de novembro. José Antonio Kast enfrentará o esquerdista Gabriel Boric, que está liderando as pesquisas, no segundo turno, marcado para 19 de dezembro.

Eleição no Chile: Boric e Kast fazem debate áspero, com ataques pessoais/O Globo (10.12)

SANTIAGO – Os candidatos a presidente do Chile, José Antonio Kast, de extrema direita, e Gabriel Boric, de esquerda, realizaram nesta sexta-feira um debate áspero e tenso, o primeiro encontro presencial do segundo turno chileno e o penúltimo das campanhas antes da ida às urnas no dia 19 de dezembro.

Kast e Boric moderam o tom no Chile/Estadão (13.12)

Na reta final das eleições mais polarizadas da história recente do Chile, o ultradireitista José Antonio Kast e seu oponente, o socialista Gabriel Boric, adotam um tom moderado em busca dos eleitores indecisos e de centro, que devem ser decisivos no próximo domingo, no segundo turno.

Migração opõe candidatos na reta final da eleição no Chile/Folha (13.12)

Entre as duas pistas da movimentada avenida Bernardo O’Higgins, importante artéria de Santiago, há uma série de barracas de acampamento. De diferentes cores, elas se alinham a perder de vista, e estão mais amontoadas na agitada região comercial em torno da Estação Central.

Candidatos no Chile trocam farpas, mas fazem último debate morno/Folha (13.12)

A seis dias da votação no segundo turno, os dois candidatos à Presidência do Chile se encontraram para o último debate da eleição na noite desta segunda-feira (13). O encontro entre o esquerdista Gabriel Boric e o ultradireitista José Antonio Kast foi cheio de interrupções e troca de farpas, mas de tom bem menos agressivo que o anterior.

Empatados em pesquisa, candidatos encerram campanhas no Chile com mudanças de imagem/O Globo (16.12)

Em eleições que devem ser decididas voto a voto, Gabriel Boric, da chapa de esquerda Aprovo Dignidade, e José Antonio Kast, do ultraconservador Partido Republicano, encerraram nesta quinta-feira à noite as campanhas ao segundo turno das eleições presidenciais chilenas com eventos que deixaram claras as transformações pelas quais passaram as suas campanhas. Em entrevistas, eventos e comícios à noite, os candidatos apelaram às bases, mas também acenaram a eleitores moderados que supostamente temem radicalismos e decidirão o pleito.

Defendo uma direita democrática no Chile, não uma direita das cavernas, diz Ariel Dorfman/Folha (16.12)

Ariel Dorfman era conselheiro de cultura do presidente socialista Salvador Allende. Na noite anterior ao golpe de Estado de 1973 no Chile, ele deveria estar trabalhando, mas trocou de horário com um colega.

Gabriel Boric é eleito presidente do Chile/G1 (19.12)

O candidato de esquerda Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile neste domingo (19) e será, aos 35 anos, a pessoa mais jovem da história a ocupar o cargo.

Bolsonaro silencia, e aliados lamentam vitória de Boric no Chile/Folha (20.12)

Um dia depois de o Chile eleger o esquerdista Gabriel Boric, Jair Bolsonaro (PL) ainda não o havia parabenizado pela vitória até as 18h desta segunda-feira (20). Aliados do presidente, por sua vez, lamentaram o resultado nas redes sociais.

Bolsonaro diz ter determinado Itamaraty a felicitar ‘o tal Boric’, 4 dias depois da vitória do chileno/Folha (23.12)

Depois de quatro dias do anúncio da vitória da esquerda nas eleições do Chile, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma breve manifestação nesta quinta-feira (23) durante a sua live semanal, nas redes sociais. Bolsonaro se referiu ao vitorioso do país vizinho como o “tal do Boric” e disse que determinou ao Itamaraty fazer os cumprimentos formais ao vencedor.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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