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A Resenha – Vidas Passadas

A Resenha – Vidas Passadas

Inyeon

Em janeiro, a Fundação Podemos lançou um vídeo sobre as expectativas para o cinema em 2024. Nele, comentamos sobre um queridinho dos prêmios internacionais, e que foi indicado, recentemente, ao Oscar 2024.

Vidas Passadas (2023) é uma das grandes produções do cinema no último ano. Confira A Resenha da Fundação Podemos.

O filme da diretora Celine Song conta a história de uma amizade — ou uma paixão? — que durou mais de 20 anos. O longa começa com Nora (Greta Lee) ainda criança morando na Coreia do Sul, em que desenvolve sentimentos por Hae Sung (Teo Yoo), seu melhor amigo. Mas, logo, ela se muda para o Canadá e, depois, para Nova York, nos Estados Unidos.

12 anos após a migração, Nora entra em contato com esse antigo amigo através do Skype e passa dias e noites conversando com ele, até que, sem perspectiva de se verem pessoalmente, a relação é interrompida. Nora, então, conhece seu marido, Arthur (John Magaro) em um retiro de escrita e por ele se apaixona. Hae vai à China para um período de intercâmbio e para aprender mandarim. Ambos, portanto, possuíam ambições profissionais que os afastaram.

Mais 12 anos se passam até que Hae manda uma mensagem à Nora dizendo que vai a Nova York para passar as férias, e deseja encontrá-la. Apesar de ser um filme de romance, o grande diferencial do longa é conseguir mostrar a profundeza e as incongruências do sentir.

O filme tem como fio condutor um conceito milenar sul-coreano: inyeon. Esse termo é utilizado para relações profundas entre duas pessoas — seja uma relação amorosa ou não — que se deu, também, em vidas passadas e se dará em vidas futuras. Podemos entender que tanto Nora com Arthur quanto Nora com Hae possui um inyeon.

A obra-prima é sensível ao tratar de diversos sentimentos ao mesmo tempo. Nora e Arthur possui um relacionamento bastante honesto e maduro, o que não significa que Arthur não tenha ficado inseguro com a visita de Hae. Ao mesmo tempo, Nora não ignora uma conexão profunda que possui com seu melhor amigo de infância. É através deste fluxo de emoções que o filme escancara a sua beleza magistral.

Existe uma questão secundária, mas não menos importante, que aparece no longa: a identidade. Nora é uma imigrante do Leste Asiático que não possui mais laços profundos com a sua cultura de origem. Ainda que fale coreano com a mãe, essa já não é mais língua que permeia seus dias. Entretanto, também não se sente completamente Ocidental. É como se ela fosse um meio termo entre a cultura Oriental e Ocidental. Essa confusão identitária fica clara quando Hae a visita, pois ele carrega em si diversos aspectos da cultura do Leste Asiático. Nora, então, se sente conectada e, ao mesmo tempo, apartada de seu melhor amigo de infância.

O longa foi indicado às duas categorias mais importantes do Oscar: melhor filme e melhor roteiro original. Vidas Passadas também foi premiado num dos mais importantes prêmios internacionais de filmes independentes: o Gotham Awards. Assistir a este longa é mais do que passar o tempo, é se conectar em diversos aspectos com cada um dos personagens, abrindo espaço para realizar um balanço de nossa própria história e experiências.

 

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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