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A Resenha – Napoleão

A Resenha – Napoleão

A miséria levou à revolução e a revolução levou à miséria do povo.

Chegou aos cinemas brasileiros o mais novo filme acerca do Imperador Francês, Napoleão Bonaparte. O filme Napoleão (2023) foi bastante aguardado pela crítica, sobretudo pelo fato de se basear nas cartas trocadas entre Napoleão Bonaparte (interpretado por Joaquin Phoenix) e Josefina (Vanessa Kirby). Aspectos de política internacional, então, perderam lugar para a relação da imperatriz com o imperador.

A Fundação Podemos foi conferir essa produção no cinema e traz uma análise fresquinha para você, pensando, sobretudo, no que os franceses pensaram do filme.

Napoleão (2023)

O filme se inicia com Maria Antonieta sendo levada à guilhotina, momento em que temos a primeira visão de Napoleão, que assiste atenciosamente à cena. Nesse momento, já vemos que as cenas de violência terão aspectos gore; isto é, serão extremamente fortes, com muito sangue e elementos visuais impactantes. Apesar do filme se basear nas cartas de Napoleão a sua amante Josefina, os primeiros 30 minutos trata da ascensão do Imperador Francês, que busca subir na carreira militar.

O longa, entretanto, deixa a desejar em diversos aspectos. Primeiro, é um filme em inglês, inclusive Vanesssa Kirby possui sotaque britânico. O que não seria um grande problema para a produção hollywoodiana. Entretanto, o uso de expressões francesas misturada com o inglês chega a dar um sentido até cômico no uso das línguas.

Outro ponto é como Napoleão é retratado, em especial na sua relação com Josefina. O longa foge da heroicização do Imperador francês, tendência do cinema em relação a figuras históricas importantes. Mas, mira no extremo oposto. Napoleão é retratado de uma maneira até cômica, como um homem de personalidade dúbia e muitas vezes excêntrica.

Por fim, uma possível crítica ao filme tem a ver com aspectos históricos. Napoleão foi um dos maiores imperadores da história mundial. Entretanto, aspectos de sua personalidade possuem maior peso no filme – aspectos estes que não podem ser confirmados – do que sua trajetória política-militar. Em diversos momentos, o Imperador é retratado por possuir uma sede de poder injustificada, com incongruências na sua trajetória. Nesse sentido, a popularidade de Napoleão é retratada de maneira bastante sutil e muitas vezes os monarquistas da época, como o Czar Alexandre I (Edouard Philipponnat), são retratados de maneira bastante positiva, como se tivessem que impedir um louco sedento por poder a ascender cada vez mais.

Mas isso nos leva também aos pontos fortes do filme: a utilização das cartas e a relação com Josefina tendo destaque no longa. Josefina é retratada como uma mulher encantadora e apaixonante, com quem Napoleão mantém uma relação mesmo após identificarem que ela não poderia dar a ele um herdeiro. É este, inclusive, o motivo da separação dos dois. Sem um herdeiro, Napoleão decide que devem se separar. Outra coisa que é retratada, e inclusive ganha destaque sobre a campanha de Napoleão no Egito, são as traições de Josefina, que possuía um amante. Nesse momento, na batalha do Egito, ganha força o fato de que o Imperador voltou para França ao saber que estava sendo traído, momento que poderia ter sido aproveitado para apresentar a capacidade persuasiva de Napoleão. Nesta batalha, a campanha francesa foi um fiasco, mas o maior Imperador francês conseguiu reverter a opinião e voltar para casa como se tivesse sido uma grande vitória.

Outro ponto interessante é a capacidade do diretor, Ridley Scott, de misturar elementos épicos e uma fotografia interessante, coisas já trabalhadas em seus diferentes filmes, como Gladiador (2000) e o filme que o inseriu no mapa da produção cinematográfica, Os Duelistas (1977).

Opiniões da imprensa

Um dos grandes pontos trazidos pela imprensa é a capacidade de atuação de Phoenix. O ator consegue, na visão da imprensa estadunidense, desenvolver com maestria o personagem principal, tanto nas capacidades estratégicas de guerra, quanto em retratar um homem inseguro na relação com Josefina. Inclusive, o casting do filme é extremamente elogiado, sobretudo em razão da química estabelecida entre Phoenix e Kirby.

The Hollywood Reporter critica o ritmo do filme, chamando de lamacento e monótono. Outro ponto trazido pelo site, é exatamente a falta de engajamento provocado no espectador na construção dos fatos históricos. O filme consegue abarcar um período longo – e bem intenso – da história da França: a queda de Robespierre, o fim do regime do terror, a conquista do Egito, o golpe de Estado de 1799, a autocoroação de Napoleão como Imperador da França em 1804, a Batalha de Austerlitz, a invasão francesa à Rússia, assim como suas derrotas, a abdicação e o exílio em Elba, seu retorno à França, o fiasco de Waterloo, e o exílio final em Santa Helena.

Já para a imprensa francesa, La Press, as batalhas são interessantes e dinâmicas. Mas, a relação entre Napoleão e Josefina são enfadonhas e embaraçosas, sobretudo em momentos íntimos. Jean Tulard, historiador especialista na Era Napoleônica, afirmou, após uma exibição do filme, que enquanto filme histórico não o recomendaria; como um filme blockbuster, sim. Essa crítica é interessante para retomar aquilo que já falamos: algumas incongruências com os fatos, como por exemplo, Napoleão ter presenciado o momento em que Maria Antonieta é levada à guilhotina; o que não ocorreu.

Conclusão

O filme é bastante interessante, sobretudo para aqueles que gostam de épicos. Entretanto, é importante ter em mente que se trata de uma adaptação, com fatos reais, mas também muita ficção. Com 2h38min, o filme agrada e desagrada ao mesmo tempo a crítica e o público. Parece que o filme pode se tornar um dos mais importantes de Scott, sem que a opinião – tanto pública quanto especializada – seja unânime.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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