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A Resenha: Retratos Fantasmas

A Resenha: Retratos Fantasmas

O mais novo ato de amor de Kleber Mendonça Filho se refere àquilo que tanto falamos por aqui: a sétima arte.

Como Recife é a grande influência de Kleber Mendonça Filho, um dos maiores diretores brasileiros? Parece que é a partir de Retratos Fantasmas (2023), o mais novo longa do diretor, que podemos descobrir.

Mais que isso, o filme é sobre como o passado muda, mas sem nunca deixar de impactar o presente. A partir de imagens gravadas, antigas e recentes, Mendonça Filho passeia pela sua antiga casa — cenário de alguns de seus filmes, como o Som ao Redor (2012) —, pelo centro de Recife e pelos cinemas de rua.

O documentário marca o retorno do diretor de Bacurau (2019) ao Festival de Cannes e já foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar de 2024. Durante os sete anos de produção deste filme-documentário, que mistura tanto ficção quanto a documentação, Kleber Mendonça Filho foi consagrado como um dos maiores diretores de cinema do país.

É em Retratos Fantasmas que, a partir de um relato pessoal, o diretor busca a origem em si, na sua terra natal e no seu hobby: os cinemas de rua. Afinal, quantos cinemas de rua – que antes permeavam as cidades brasileiras – ainda existem? Kleber Mendonça Filho elege seus preferidos, conta a sua história e, através de um arquivo pessoal, reconstrói a sua própria experiência para o espectador.

O filme é dividido em três partes: a primeira, reconta a experiência de Kleber Mendonça Filho em seu bairro, na zona sul de Recife; depois, trata dos cinemas de rua e as pessoas que ocupavam esses espaços; e, por fim, o sagrado, quando esses cinemas deixaram de existir e deram lugar a Igrejas e supermercados.

No longa, fica claro de que forma cada uma dessas visões permearam as suas produções, as referências e até mesmo os locais de filmagens. Ficamos um pouco mais perto de entender de onde vem e o que vem deste que é um dos maiores diretores brasileiros. Um ponto interessante é o de brincar com as linhas tênues que separa a realidade e a ficção, a imaginação e o que realmente aconteceu, a fantasia e o documentário. Essa confusão, com a que brinca o diretor, causa estranhamento em alguns momentos para saber se estamos assistindo imagens reais ou ficcionais, ensaiadas e reproduzidas de maneira orientada.

Apesar de parecer um relato bastante pessoal, Kleber Mendonça Filho, em entrevista ao G1, não vê uma diferença entre esta e suas outras produções. Isso nos dá a indicação de que todas as anteriores foram igualmente – ou superiormente – particulares para o diretor.

Uma das indicações do filme é que os lugares não são nada sem as pessoas. São as pessoas invisíveis que fazem o local ser o que ele é. Pode ser pomposo, bem arquitetado, mas sem pessoas, não passa apenas de uma construção – muito provavelmente depredada e abandonada. Ou seja, a história só se dá através das pessoas.

Com 1h30m de duração e disponível na Netflix, o documentário é calmo, mas não tedioso; as imagens, para aqueles que gostam de história e de arquitetura, trazem calma. Sua narração a la Petra Costa mesclam perfeitamente com as imagens disponibilizadas.

O mais novo ato de amor de Kleber Mendonça Filho reverencia aquilo que tanto falamos por aqui: a sétima arte.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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