fbpx
Fundação Podemos
/
/
A Resenha: Assassinos da Lua das Flores
A resenha Assassino da Lua das Flores

A Resenha: Assassinos da Lua das Flores

O mais novo filme do diretor e vencedor do Oscar Martin Scorsese já chegou aos cinemas brasileiros. Assassinos da Lua das Flores é um faroeste macabro que mistura aspectos de filmes de máfia, já tão bem trabalhados pelo diretor.
A Fundação Podemos foi no cinema para conferir essa produção e traz um “A Resenha” fresquinho para você.
O filme é baseado na história real do povo Osage, em Oklahoma. O roteiro foi feito tendo como base o livro-reportagem Assassino da Lua das Flores, de David Grann, lançado em 2017. O diretor, Scorsese, entretanto, alterou fortemente o primeiro roteiro, que teria como enfoque o surgimento do Federal Bureau of Investigation (FBI), para dar maior ênfase aos assassinatos contra o povo Osage.

Os indígenas Osage foram deslocados para terrenos pouco férteis e bastante secos em Oklahoma, sendo considerados os primeiros povos a comprarem sua reserva de terra. O que era antes considerado apenas algo infértil mostrou ser uma grande reserva de ouro negro, o petróleo. A modéstia dos assentamentos em Grey Horse foi, então, substituída pelo luxo trazido pela exploração de petróleo: casas grandes, carros de última geração e serviços pessoais – como motoristas, arrumadeiras, cozinheiras – se tornaram a nova realidade dos indígenas.
O filme inicia fazendo uma recapitulação dessa história, muito breve, mas que é extremamente importante para compreender a situação dos Osage. Em 1920, por exemplo, o povo nativo possuía a maior renda per capita do mundo e seu território possuía a maior concentração de motoristas dos Estados Unidos. Mas, a cobiça da população branca foi responsável pelo assassinato de diversos Osage e é a partir daí que Scorsese começa pra valer o seu filme.
A história começa com a chegada de Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio) a Grey Horse. Ele começa a trabalhar como motorista de uma indígena chamada Mollie, interpretada por Lily Gladstone. Ernest foi morar junto ao seu tio, Bill Hale (Robert De Niro) e se casa, posteriormente, com Mollie. A partir daí, a família da indígena passa a ser assassinada um a um de maneira suspeita. Mollie, inclusive, chega a contratar investigadores particulares, que também são assassinados, para investigar os crimes. Isso porque a polícia local não investigava os assassinatos e ocultava provas, mostrando que havia um conluio para a execução do rico povo Osage, visando a futuramente apropriarem-se  de suas terras e riquezas.
Ernest se mostra uma pessoa altamente influenciável pelo seu tio, Bill, que, ao longo da trama, traz asco ao aparecer na câmera. Com um estilo bastante político e influente entre os indígenas, Bill é extremamente manipulador para conseguir o que quer: dinheiro e riqueza.
Uma coisa que chama a atenção, em relação a outros filmes de Scorsese, é, primeiro, não haver uma construção de narrativa pelos mafiosos, e, segundo, ter uma personagem feminina, Mollie, bem trabalhada. Inclusive, apesar de ter um elenco de indicados e vencedores de Oscar, como DiCaprio, De Niro, Jesse Plemons e Brendan Fraser, é Lily Gladstone que chama a atenção pela sua atuação. Gladstone rouba a cena em meio a diversos atores do sexo masculino consagrados na indústria cinematográfica.
Outro grande ponto da direção é que Scorsese percorre temas já trabalhados em sua filmografia, como gangues (Gangues de Nova York, 2002), a máfia (Os Infiltrados, 2006, e O Irlandês, 2019), a ganância (Lobo de Wall Street, 2013) e a fé (Silêncio, 2016), mas trazendo elementos novos, sobretudo ao não traçar perfis de anti-heróis.
O longa traz uma reflexão muito importante, algo que diferencia de certa maneira este de outros trabalhos do diretor: como crimes com motivação racial do século passado devem ser reconhecidos e reparados. Trata-se, portanto, de um trabalho de memória fiel aos fatos reais. Apesar de bastante longo (3h36 de duração), é fácil acompanhar o filme por inteiro sem nem querer piscar os olhos. Com certeza desta produção sairá indicações ao Oscar do próximo ano.

 

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

Compartilhe:
como citar
Últimas publicações
Acompanhe nosso conteúdo
plugins premium WordPress