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A Resenha: Close 2022

A Resenha: Close 2022

Sensível e poderoso, o filme que representou a Bélgica no Oscar 2023, Close (2022), conta a história de uma amizade com um fim doloroso.

As primeiras cenas do filme, dirigido por Lukas Dhont e coescrito com Angelo Tijssens, são apenas o início de uma trama linda e cativante. Ambientado nas plantações de flores da Bélgica, o longa conta a história de dois amigos no início da pré-adolescência. Remi (Gustav De Waele) e Léo (Eden Dambrine) passam o dia inteiro juntos brincando e dormem um na casa do outro.

A mãe de Remi chega, inclusive, a chamar Léo de seu filho do coração, uma referência de carinho e do espaço que este ocupa no âmbito familiar do seu melhor amigo. Mas, tudo começa a desandar quando as aulas retornam na escola. A masculinidade deles passa a ser questionada e o relacionamento dos meninos confundido com algo erótico e romântico.

Assim como para a grande maioria das crianças sensíveis e ainda imaturas para entender um contexto de erotização, Léo acaba sentindo de maneira muito brutal  os ataques e as brincadeiras homofóbicas de seus colegas de classe. Passa, por conta disso, a se afastar de Remi, que não consegue bem compreender o movimento do melhor amigo.

O filme, que levou o Grand Prix do Festival de Cannes de 2022, aborda temas duros,  que fazem você sentir a angústia e a culpa que Léo experimenta durante todo o longa. Léo, contudo, acaba explorando esta culpa em si mesmo de uma maneira até que irresponsável.

É na relação com a mãe de Remi, Sophie (Émilie Dequenne), que Léo busca redenção. Apesar de não demonstrar normalmente, o pré-adolescente passar a sofrer com sintomas psicossomáticos de seu trauma, como enurese noturna e momentos de raiva. Sophie busca em Léo, com um certo afastamento, uma reconexão com seu filho.

Mas, é essa própria relação que é abalada com a confissão que Léo faz. Tem-se, a partir daí, uma mãe em sofrimento e um amigo que se sente culpado. Apesar disso tudo,  o filme nos faz sentir empatia por ambos. Mesmo com essa temática, o filme não é sensacionalista, embora em alguns momentos rompa a tênue linha do melodrama , ainda que com distanciamento.

Muito embora tenha esse aspecto de melodrama, Lukas Dhont conseguiu fugir das críticas que foram atribuídas ao seu primeiro filme que concorreu ao Oscar, Girl, que conta a história de uma bailarina transgênero e que, de acordo com a crítica internacional, não passava de um longa para pessoas cis, como se elas fossem capazes de entender o que uma pessoa trans passa.

O ponto forte do filme é, sem dúvida, a atuação de Léo, uma criança de 13 anos, que conquista e fala tanto com a sua performance sem que seu papel tenha falas explícitas em relação ao modo como ele se sente. É absolutamente incrível.

Close é um filme envolvente que, com certeza, vale a pena ser experienciado. Disponível na plataforma de filmes Mubi, o longa de 1h40 teve uma passagem pelos cinemas brasileiros em abril de 2023.

Observação: Esse conteúdo não representa, necessariamente, a opinião da Fundação Podemos.

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